Entrevista concedida ao Jornalista Luiz Cláudio Vaz de Mello
Programa "Prioridade Máxima" Rede Band Minas
Com satisfação repassamos aos nossos leitores a entrevista da Prof.ª Maria Granzoto da Silva
Maria Granzoto da Silva, professora universitária de português e de literatura brasileira, natural de Londrina (PR) e há vinte e dois anos residindo em Arapongas (PR) , é uma das intelectuais mais requisitadas para comentar e prefaciar livros de literatura e poesia, além de apresentar artigos de qualidade sobre a literatura poética brasileira em vários sites e blogs da internet.
Seus artigos sobre as escolas literárias e poéticas podem ser encontrados no blog AtCulturalBrasil (http://artculturalbrasil.blogspot.com).
Através do blog suas palavras ganharam o universo da língua portuguesa, onde conquistou a credibilidade dos amantes da arte literária, em mais de 60 países que acessam o blog diariamente. Na síntese das matérias que publica no blog AtCulturalBrasil a educadora transmite seus conhecimentos literários, com a didática de dirigir e orientar a aprendizagem, dentro da moderna técnica de ensino da construção gramatical, seja na escrita antiga ou nas regras da nova ortografia da língua portuguesa.
Profunda conhecedora e incansável estudiosa das sintaxes diversas, entre escolas literárias e autores contemporâneos e de épocas passadas, a professora disseca temas complexos com naturalidade, desde a investigação minuciosa dos estudos de literatura comparada, passando por todas as escolas literárias, citando trechos de autores importantes, para melhor compreensão do leitor, até os elucidativos comentários sobre a obra de autores diversos.
Às vésperas de atingirmos a importante contagem de cem mil visitas em nosso blog, em pouco mais de um ano de contagem, presenteamos nossos leitores com esta essencial entrevista, repassada com exclusividade para o blog ArtCulturalBrasil.
A professora, que também é escritora e poeta, prefaciou este ano o livro do poeta José Antonio Jacob, “Poesia de Bolso” (“Já remeti ao Jacob o texto do prefácio, e o poeta já confirmou a publicação das minhas palavras”).
A seguir, leia a entrevista com a Prof.ª Maria Granzoto da Silva, concedida por e-mail ao jornalista Luiz Cláudio Vaz de Mello, da Rede Band MG, (as respostas da educadora também foram replicadas por e-mail, em Arapongas, no Paraná).
ArtCulturalBrasil Editores
ENTREVISTA
Luiz Cláudio – Como profissional do Ensino, impregnada pelo dom de educar e de transmitir aprendizado, atuando na área literária durante décadas, fale-nos de suas experiências e quais foram os resultados e impressões que ficaram sobre o ensino da leitura e interpretação de textos literários, em especial na área da poesia?
Prof.ª MG - Atuei na área educacional desde as séries iniciais até o ensino de pós- graduação. Trabalhei com professores em treinamentos e oficinas, sempre na área literária. Sou apaixonada pela literatura, em especial, pela poesia. Até ensaio escrever alguns poemas. O que tenho notado, ao longo dos anos, é que nas séries iniciais a poesia é trabalhada intensivamente pelos professores e, à medida que o alunado passa para o Ensino Médio e/ou superior, há uma sensível queda na leitura de textos literários, e o trabalho limita-se à leitura informativa.
Luiz Cláudio - Sua resposta deixa claro que existem fatores que favorecem a redução do incentivo da prática do estudo literário a partir do Ensino Médio e/ou superior. Isto causa desinteresse no aluno a partir do momento que ele atinge essa etapa do seu currículo escolar, podendo ou não, por iniciativa própria, procurar meios de prosseguir no estudo literário fora do sistema de educação vigente no país. Quais seriam os principais motivos dessa “sensível queda na leitura de textos literários” reconhecidos pela professora?
Prof.ª MG - Várias pesquisas foram e são realizadas sobre o assunto e as mais diversas causas são apontadas: televisão, game, computador e até falta de recursos financeiros para a aquisição de livros. Pouquíssimos reconhecem que parte do problema está na abordagem que a escola faz (ou não) do texto literário! Outro problema poderá estar na fragmentação do texto literário nas séries mais avançadas.
Luiz Cláudio – Este “outro problema” está relacionado com a dificuldade de interpretação de texto literário, que pode ter várias interpretações, e que por causa disso dá margem à hesitação e perplexidade do aluno, afetando o seu equilíbrio psicológico?
Prof.ª MG - A carência de noções teóricas e a escassez de praticas de leituras literárias são fatores que contribuem para que o aluno encare a literatura como objeto de difícil compreensão. Essa situação é certamente herança das lacunas do ensino fundamental, como também decorre do próprio encaminhamento dado ao estudo de literatura no ensino médio. O verdadeiro problema, para o trabalho de literatura na escola, é como estimular alunos a lerem, ou, simplesmente, como fazer os alunos tornarem-se leitores. No caso do Brasil, ainda temos um longo caminho para chegar a uma situação razoável, próxima do trabalho realizado em escolas de países como Itália, França e Estados Unidos. Até porque o escritor brasileiro não recebe o devido reconhecimento, inclusive pelos órgãos governamentais. Até Monteiro Lobato já foi vetado um dia e o está sendo novamente pelo MEC, com “Caçadas de Pedrinho”...
Luiz Cláudio – Cite um atual e bom exemplo para esta explanação?
Prof.ª MG - Um exemplo bem atual? O poeta José Antonio Jacob... A maior dificuldade para editar uma obra! Como disse Fernando Pessoa “O Poeta é um fingidor...” Finge não perceber as perseguições de interesses políticos, as gratuitas e invejosas barreiras, erguidas com o intuído de impedir a aparição do autor, verdadeiras trincheiras de ódio humano, somente pelo fato de escrever o verso que outro gostaria de ter escrito.
Luiz Cláudio – José Antonio Jacob é um poeta que apareceu para o Brasil através da internet. A Professora acredita que a internet está sendo um bem precioso no auxílio da divulgação da Literatura Brasileira?
Prof.ª MG - Tenho acompanhado há uns cinco ou seis anos o trabalho do poeta mineiro José Antonio de Souza Jacob, tendo, nos últimos anos, realizado análises de seus poemas, publicados no Blog ArtCulturalBrasil (e aqui vai o meu reconhecimento de que a internet, quando utilizada de modo sério e sem intenções outras, colabora e muito na divulgação da Literatura Brasileira!). Eu considero Jacob um Mestre na arte de versejar! E assim, uma infinidade de leitores, haja vista a publicação da obra “Almas Raras”, em 2007, cuja edição esgotou-se num piscar de olhos! Quantos ficaram desejosos dessa obra rara!
Luiz Cláudio – Continuando com o poeta José Antonio Jacob, citado como exemplo, por que a preferência poética por sua obra, ainda que na especialidade dele, que é o soneto e a poesia metrificada, existem tantos outros na poesia contemporânea brasileira?
Prof.ª MG - É nítida a sua preferência por sonetos. Minha admiração por José Antonio Jacob se fundamenta no primor dos seus versos. O rigor da métrica, da rima e do ritmo funciona como alicerce mnemônico para uma releitura de temas os mais diversos: (a fealdade, a sujidade, a maldade, o trauma, o estigma, bem como o amor, a natureza e tantas outras), reaproveitando técnicas barrocas e concretistas (metáforas, aliteração, eufonia, dentre outros). E agora vem aí o seu novo lançamento, intitulado “Poesia de Bolso”, obra-prima, com preço acessível a todas as camadas sociais e uma bela sugestão para presentear no Natal.
Tive acesso aos originais do livro (como disse antes escrevi o prefácio do mesmo) e posso assegurar que entre os quase 90 sonetos e dez sextilhas que li, para escrever a apresentação, não há sequer um que não me tenha encantado. Uma seleção de primeiríssima qualidade, um livro de esplêndido conteúdo poético, onde o poeta Jacob utiliza uma série de sua primorosa técnica poética, que aliada ao seu insuperável estilo de escrever desencadeia as mais inesperadas emoções no leitor. Com absoluta certeza, o Poesia de Bolso encantará seus leitores. É um livro para ganhar prêmio de literatura poética. E tudo o que eu disser sobre a obra, será pouco. Portanto, aconselho que visitem o blog ArtCulturalBrasil para melhor avaliação.
Luiz Cláudio - A senhora poderia nos adiantar parte do conteúdo do livro "Poesia de Bolso", número de páginas, de sonetos e sextilhas, já que teve acesso aos originais?
Prof. MG - Para ser sincera não sei se o poeta vai ter espaço para publicar a quantidade que me enviou, já que é um livro de bolso. Meu trabalho consistiu em ler os poemas, escrever o prefácio e examinar a bonita linguagem do poeta. Não posso afirmar com certeza se "esse ou aquele" poema tem a garantia da publicação. O projeto dos editores consiste na publicação de no mínimo 84 sonetos e sete sextilhas curtas. Esta quantidade de sonetos e sextilhas eu posso confirmar. Ainda assim acho que o número de páginas vai ser maior do que o planejado antes.
Luiz Cláudio Vaz de Mello, é jornalista e apresentador do programa "Prioridade Máxima" na Rede Band Minas.
Poemas de Maria Granzoto da Silva
Minha mãe
(Maria Granzoto da Silva)
Em teu colo
Repouso a minha dor...
Forte é o poema que cresce
Por amor
ao teu amor
Neste solo tão agreste
Da tua ternura...
Daquele olhar tão cândido
Os meus olhos a procurar
Como em busca do alívio
Para a dor luarizar...
Fostes para as alturas,
Deixastes o nosso convívio para sempre!
Eu, às penas duras,
Confesso que o tempo não resolve,
Pois ele também não cicatriza
As chagas da tua ausência,
Não enfraquece a saudade,
Não suaviza a demência
Que a tua falta me faz!
Só provoca a imensa vontade
Que eu sinto de te abraçar!
Neste mundo, nada, ninguém,
Há de apagar a imagem
Do branco
da tua tez
E dos teus pequeninos olhos
A olhar-me
pela última vez...
Em 25/12/1979
" The Little Hunter"_Analua Zoé
Eu, caçador de mim!
(Maria Granzoto da Silva)
As cores destacadas
Nas faces da inocência
De uma criança na estrada.
Da vida, nada tem levado!
Exceto do preto e do branco o contraste
De duas aves sufocadas
Pelo desastre da miséria e da fome
Alimentadas pelo homem...
Pés descalços na vermelha terra
Que jorra o sangue da guerra...
Sem armas aparentes...
Mas basta olhar as sementes
Que fundam ao seu caminhar!
Terra pobre!
Rosto nobre!
Embora os cabelos espevitados,
Muito bem pintados
Retratam o momento do menino
Caçador!
Expressam as cores, suas dores!
Quem sabe, um dia,
As tintas não lhe dêem
Um momento
De o mundo expiar a dor
De um pequeno engolidor
Dos que lhe retiraram a decência!
Mundo repleto de demência!
Em misturando cores,
Possam surgir novos amores,
Um futuro Homem, que come,
Embora
Sem nome!
em 30/11/2007
ArtCulturalBrasil agradece ao
jornalista Luiz Cláudio Vaz de Mello
jornalista Luiz Cláudio Vaz de Mello
que autorizou a publicação desta entrevista.
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artculturalbrasil@gmail.com
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Olá querida Granzotto,felicidades neste seu ofício de poetar..existe,poetar?Bem,vamos aqui indo bem!De vez em quando me recordo de seus textos..e parabenizo-a pela dedicação...o Brasil tem muito que fazer..é arregaçar mangas.....e não esperar aplausos....................como você diz..ciumeiras danadas só atrapalham!!!!!!!!!Então.adiante!Me orgulho de seu trabalho..e procuro divulgar..o poeta José Jacob também é um formidavel!!!!Assim que tem que ser!!!!!!!!!!!!!!!!!!!E pra adiante...beijo,Rosana de Curitiba!!
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