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Poesia de Bolso trailer





POESIA DE BOLSO
De José Antonio Jacob

108 PÁGINAS DE POESIA
EDIÇÃO ESGOTADA



TRECHO DO PREFÁCIO
Prof.ª Maria Granzoto da Silva
Arapongas - Paraná

Apresentar uma obra do poeta mineiro José Antonio Jacob é um desafio sem limites, haja vista a rigorosidade com que compõe seus poemas! Várias Sextilhas e Sonetos (um único alexandrino e um único hendecassílabo. Todos os outros em versos decassílabos, incluindo as Sextilhas), estão contidos neste Poesia de Bolso, onde cada soneto é uma estrela de primeira grandeza a brilhar no firmamento d'alma do leitor. Assim, tecerei breves considerações sobre este livro tão interessante, tão necessário para esta caótica fase da humanidade e tão perturbador também… É urgente ler, refletir e partilhar o que de bom ele contém. (cont. no livro)

Trailer
 
 
DESENHO
(José Antonio Jacob)

A nuvenzinha que no céu passou,
Lépida e alegre, sem nenhum rumor,
Num pé de vento foi e não voltou:
Era uma folha num jardim sem flor...

Virando a folha um sol no céu brilhou
E fez surgir um dia de esplendor,
Veio uma sombra e o dia se apagou:
Era um desenho num papel sem cor...

Por que será que meu rabisco leve,
Que traço em suavidade colorida,
Esvoaça fácil feito um sonho breve?

E tudo o que eu amei foi despedida...
E por que o meu destino não escreve
Uma história feliz na minha vida?

SONHO DE PAPEL
(José Antonio Jacob)

Ainda ouço o som de água no rochedo,
 Retumba o oceano a nódoa da ambição,
Por isso, meu amor, que sinto medo
De ouvir no mar o som da solidão.

Velhos pesqueiros vão à lentidão,
Lá no horizonte o empós cria um segredo...
Estes barquinhos são de papelão
E o mar é um grande espelho de brinquedo...

Eu amo a vida e quão pequeno sou,
Mas lanço um sonho nesta imensidão
E nele, de alma pendurada, vou...

Suspenso em minha pipa de papel,
Que vai transpondo nuvens de algodão,
Para meu sonho aterrissar no céu!

FIM DE JORNADA
(José Antonio Jacob)

Enquanto minha pena versifica,
Versos de amor em minha caderneta
Vejo passar o tempo na ampulheta,
Mas na ampulheta o tempo sempre fica.

Tanta saudade sua não se explica...
Desenho um coração com a caneta
E dentro dele um nome clarifica...
Arranco a folha e a guardo na gaveta.

Finda a jornada vou ao bar ao lado,
Para esquecer o amor da minha vida
Tranquei lá no escritório o nome amado.

E, ainda, cansado dessa solidão,
Eu peço uma caneta e uma bebida
E escrevo o nome dela no balcão.

AMOR-PRÓPRIO FERIDO
(José Antonio Jacob)

Anos e anos eu sinto as invejosas
Pontadas de ciúmes no meu peito
Ao recitar poesias primorosas
Com versos que eu queria tê-los feito.

Ah! Deus! Eu trago em mim as rancorosas
Mágoas e uma coroa de despeito
Das alheias estrofes luminosas
Que leio na penumbra do meu leito.

Mas tenho ainda uma frase que alimenta
A vingança da dor que me restou...
Caio em delírio e a minha febre aumenta.

E o espectro de loquaz, que acho que sou,
Murmura um verso que a demência inventa
Para um amor que nunca me escutou.

FALTAS E DEMORAS
(José Antonio Jacob)

Tu que andas nesta vida sem saber
Por que vives e sonhas e ainda ignoras
Que a minha alma te segue pelas horas,
Feito a luz que acompanha o Amanhecer.

Não disfarces assim tuas auroras,
Pois que finjo de mesmo eu compreender
As razões dessas faltas e demoras
E do mal que isso está a me fazer.

Não vês que a dor que sinto é insanidade,
Qual doença que se instala e não desiste
De alastrar-se nas almas onde invade?

Esse amor que desejo, se ele existe,
Deve estar muito longe e muito triste
Ou deve ser então uma saudade...

SILÊNCIO EM CASA
(José Antonio Jacob)

Quando eu a beijava timidamente
Ela fremia o rosto, emocionada,
E dizia uma frase delicada
Para o nosso namoro adolescente.

Depois o nosso amor ficou frequente
E ela, com a voz ávida e molhada,
Falava-me em dialeto diferente
Malícias de mulher apaixonada.

Um dia veio um tempo de descrença,
Deixou em nossa casa a indiferença
E o amor não teve mais razão de ser.

Restou-nos um silêncio reticente...
E sempre que nos vemos frente a frente
Não temos nada mais a nos dizer.


VELHO ÓRFÃO
(José Antonio Jacob)


Desde cedo esperei o que não vinha
E a minha vida foi perdendo o prazo:
Fui vendo a minha sombra mais sozinha
E o meu destino cada vez mais raso.

E, enquanto andei do quarto até a cozinha,
Pesou-me o passo e me causou atraso,
Desfolharam-se os dias na folhinha
E o tempo foi morrendo em meu ocaso.

Súbitos anos tão estreitos,
Sinto tê-los perdidos sem proveitos
E sem proveitos não me presto mais.

Eu sou aquele velho desolado,
Que vive a andar atrás do seu passado
Feito a criança órfã que procura os pais.


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O que dizer da poesia de José Antonio Jacob?

Ele faz malabarismo com as palavras, que ora arremessadas com a força e a precisão da flecha... produzem frases que dançam, que cantam, que emocionam.

Em ritmo de ballet sincronizado, plasmam imagens de sonhos, sussurram aos nossos ouvidos. De violino solista, virtuosa melodia produzem.

E a sua primorosa habilidade com as palavras esculpe primas-obras, produz formas concretas, abstratas, expressionistas.

É o Michelângelo das letras, é mineiro, é brasileiro!

Massato Ito
São Paulo

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AFRONTA IMPIEDOSA
(José Antonio Jacob)

Em cada rua há um vendedor de flores
E anda distante o Dia de Finados;
Casais se beijam murmurando amores,
Também não é Dia dos Namorados.

Essa cidade tem muros dourados,
Por onde passam brisas sem rumores
E nos salões de imperiais sobrados
Divertem-se os fidalgos sem pudores.

E o céu é tão azul que dói na vista,
O mar parece capa de revista
E ao longe nos acena um iate à vela...

E o que mais nos afronta e desiguala
É o luxo se exibindo na novela
E essa pobreza muda em nossa sala.

ALMAS PRIMAVERAIS
(José Antonio Jacob)

A tarde brinca em meu quintal sem cores
E sem saber da dor que existe em mim,
Pendura um sol no céu, colore flores
E o meu quintal então vira um jardim.

Tardes primaverais chegam assim...
Desvanecendo nossos dissabores
E nos dão esperanças e favores
A nos sorrir e a nos dizer que sim.

Como essas tardes claras de esplendor,
Que um dia esquecemo-nos de notar,
Existem almas que só dão amor.

São essas almas as criaturas boas
Que só vieram ao mundo para amar
A vida sem amor de outras pessoas.

O ESPELHO
(José Antonio Jacob)

Lá fora o vento alegre zomba e passa,
Descalço minhas meias de algodão
E vejo o céu azul de pés no chão,
Enquanto a vida escorre na vidraça.

Mas um fantasma amigo da desgraça,
Que em minha casa faz assombração,
Rabisca nas paredes de argamassa
Grotescas letras de desilusão.

Alma sem paz, que vive de favor
E que ainda insulta o cômodo onde mora.
- Que terrível visão do Desamor!

Eu vou fugir de casa qualquer hora,
Minha presença só me causa dor...
- Esse vulto no espelho me apavora!

POODLE
(José Antonio Jacob)

Como posso dormir até mais tarde?
Eu perco sono, mas ganho carinho,
Carícias infantis cheias de alarde
E sinto no meu rosto o seu focinho.

Abro a janela e o sol clareia e me arde,
De um salto me levanto e me encaminho,
Sabendo que por mais que ela me aguarde
Em casa não me deixa andar sozinho.

Abana seu rabinho de debrum
E pula no meu colo feito filha,
Sente ciúmes de mim... Que maravilha!

Comigo vai à mesa, ao desjejum,
Tiro biscoitos frescos da vasilha
E os dou em sua boca, um após um.

BOLHAS DE SABÃO
(José Antonio Jacob)

Diverte-se na rua a meninada...
- A nossa vida é um raio de ilusão!
O nada existe e tudo vem do nada,
Sem peso ou forma e sem composição.

Mas um miúdo guri de pé no chão,
Sentado na pontinha da calçada,
Esparge o céu que cobre a criançada
Com nuvens de bolinhas de sabão.

E o menino acredita em outras vidas
Expostas nas pupilas coloridas
Dos seus olhinhos puros de esperança.

E o meu olhar, molhado de emoção,
Também avista o que enxerga esta criança
Nestas pequenas bolhas de sabão!
 
 
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REALIZAÇÃO




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