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UMA CIDADE SEM MEMÓRIA CULTURAL É UMA CIDADE SEM FUTURO HISTÓRICO

Pedro Nava


Juiz de Fora - MG
1903 -1984



QUANDO TUDO ACONTECEU...(O GRANDE UNIVERSO DO PASSADO)
Maria Consuelo Cunha Campos

1903: 05 de junho, 20 horas e 30 minutos. Pedro da Silva Nava nasce, em Juiz de Fora, Estado de Minas Gerais, na casa senhorial da Rua Direita, 179. Seus pais, o médico cearense José Pedro da Silva Nava e sua esposa, a mineira Diva Mariana Jaguaribe Nava, chamada Sinhá Pequena. – 1905:13 de julho. No estado do Ceará, é batizado. Padrinhos Joaquim Feijó de Melo e Ana Cândida Pamplona Nava Feijó . – 1910: Aluno do Colégio Andrés, em Juiz de Fora .Mudança da família para o Rio de Janeiro. Residência, Rua Aristides Lobo, 106, no bairro do Rio Comprido. – 1911: 30 de julho: morre-lhe o pai. Mãe, grávida de quase 9 meses, volta com os filhos para a cidade natal . – 1913: falecimento da avó materna, Inhá Luísa, em cuja casa haviam ido residir .D. Diva muda-se com os filhos para Belo Horizonte. – 1914: Pedro Nava termina seus estudos no Ginásio Anglo-Mineiro como aluno interno. Torna-se amigo de Afonso Arinos de Melo Franco. ––1916: 29 de fevereiro: muda-se para o Rio de Janeiro. Vai morar com os tios Antônio e Alice Sales. Começa a frequentar a Livraria Garnier em companhia do tio. 4 de abril: é matriculado no Curso de Humanidades do Colégio Pedro II, no bairro de São Cristóvão, e frequenta-o até 1920. Novamente colega de Afonso Arinos de Melo Franco. – 1920: Conclui, com láurea, o curso no Colégio Pedro II. – 1921: Volta a Belo Horizonte, ingressando na Faculdade de Medicina. faz amizade também, entre outros, com Prudente de Morais Neto e o futuro presidente da república, Juscelino Kubitschek de Oliveira. Em setembro, Pedro Nava consegue seu primeiro emprego na Secretaria de Saúde e Assistência do Estado de Minas Gerais. – 1922: Torna-se sócio do Clube Belo Horizonte, participando de rodas de conversas de bar. – 1923: Começa a frequentar o Café Estrela, situado na Rua da Bahia. Do Grupo do Estrela fazem também parte os escritores Carlos Drummond de Andrade, Abgar Renault, Emílio Moura, Aníbal Machado, João Alphonsus, bem como os políticos Milton Campos, João Pinheiro Filho, Gabriel Passos, Pedro Aleixo, futuro vice-presidente brasileiro. – 1925: Encontra-se com os modernistas paulistanos em Belo Horizonte. Junto com amigos, ciceroneia o grupo em visita a cidades históricas de Minas Gerais. Colabora com poemas n´A Revista, órgão modernista mineiro. – 1928: Ilustra o Macunaíma, de Mário de Andrade. – 1931: Muda-se para Monte Aprazível, no oeste paulista, abalado com o suicídio da namorada, doente de leucemia. – 1933: Muda-se para o Rio de Janeiro, indo residir na casa dos tios Maria e Heitor Modesto, em Copacabana, à Rua Santa Clara, 188-A. – 1937: Ilustra o Roteiro Lírico de Ouro Preto, do amigo Afonso Arinos de Melo Franco. – 1938: Escreve o poema “ O Defunto”. – 1943: 29 de junho: Casa-se com Antonieta Penido. O casal vai residir à Rua da Glória, 190. – 1944: Autores e Livros publica, a 10 de setembro, os poemas “ O Defunto”, “Mestre Aurélio entre rosas “ e “Episódio sentimental”, com uma biografia do autor por Manuel Bandeira. – 1946: Figura na antologia Poetas Brasileiros Bissextos Contemporâneos, organizada por Manuel Bandeira. – 1947: Publica seu primeiro livro, Território de Epidauro. Torna-se membro correspondente de várias sociedades de medicina, da França e da Itália. – 1948: Diretor, por concurso, do Departamento de Clínica Médica. Membro da Academia brasileira de História das Ciências. Viaja à Europa, indo à Inglaterra, à França, à Itália, à Bélgica e a Portugal para aperfeiçoar e atualizar estudos médicos. – 1949: Membro do Instituto Histórico e geográfico de Minas Gerais. – 1949: Pinta, em óleo sobre madeira “Ilha da Boa Viagem”, vista a partir de sua residência, na Rua da Glória e “Vista da Igreja da Glória. – 1951: Cavaleiro da Legião de Honra (França ). Nova viagem de estudos à Europa, designado pelo Ministério da Educação e Saúde do Brasil para estudar a organização de Clínicas Reumatológicas em diversos países e o ensino da especialidade médica. – 1955: Novas viagens à Europa : na França, representa o Conselho Nacional de Pesquisa na exposição do Palais de la Découverte, sobre a vida e a obra do cientista brasileiro Carlos Chagas, tendo sido um dos organizadores desta exposição. Torna-se membro honorário e membro correspondente de diversas associações médicas francesas e portuguesas. Vai também à Itália. – 1956: Diretor-presidente da Policlínica Geral do Rio de Janeiro. – 1957: Membro titular da Academia Nacional de Medicina. Sócio benemérito da Policlínica geral do Rio de Janeiro. – 1958: Estagiário no Instituto Português de Reumatologia. Ministra conferências como convidado e hóspede da instituição. Membro honorário da Societé Nationale Française de Médicine Physique. Estagia nos hospitais Lariboisière, Ténon, Pitiè de Paris. – 1960: Membro honorário da Sociedade Chilena de Reumatologia . – 1961: Recebe, de Portugal, a Ordem Militar de Cristo, no grau de Comendador. É nomeado, por concurso de títulos e trabalhos, chefe de Clínica Médica, da Policlínica geral do Rio de Janeiro. – 1965: Publica “ Evocação da Rua da Bahia”, dedicado a Carlos Drummond de Andrade. – 1967: É publicado , pela editora Macunaíma, em edição de luxo, com ilustrações de Calasans Neto, o poema “ O Defunto”. – 1968: 1o de fevereiro: Começa a redigir as memórias, aos 64 anos. – 1969: Falece-lhe a mãe. – 1972: Publicação de Baú de ossos, pela Editora Sabiá. – 1973: Recebe os Prêmios Luísa Cláudio de Sousa (do PEN Clube) e Personalidade Global - Setor Literatura (Rede Globo de televisão e jornal O Globo). Sai Balão cativo . – 1974: Prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte. – 1975: Recebe o Prêmio Machado de Assis de Memórias ou Crônicas, do IX Concurso Literário da Fundação Cultural do Distrito Federal, por Balão Cativo. – 1976: Publicação de Chão de ferro. – 1978: Sai o 4o volume de memórias, Beira-mar. – 1980: Na Argentina, é publicado Poliedro, uma seleção de textos do Baú de ossos e de Balão Cativo, organizada por Maria Julieta Drummond de Andrade. – 1981: É publicado Galo-das-Trevas - As Doze Velas imperfeitas. Recebe o prêmio destaque (Ele/Ela ). – 1983: Sai o último volume completo de suas memórias, O Círio Perfeito. 15 de julho: Nava é empossado no cargo de Presidente em Comissão do Conselho Municipal de Proteção do Patrimônio Cultural do Rio de Janeiro, da Secretaria Municipal de Educação e Cultura. Participa de debate, “ O Rio de Pedro Nava “, sobre a destruição das cidades, principalmente a do Rio de Janeiro, com outros escritores, urbanistas e arquitetos. O evento inaugurou a exposição “ Pedro Nava - Tempo, Vida e Obra “, alusivo aos 80 anos do memorialista, promovido pela Fundação Casa de Rui Barbosa. – 1984: O Círio Perfeito é premiado, em março, com o Livro do Ano, da Secretaria de Estado de Cultura de São Paulo. 13 de maio: suicida-se na Rua da Glória. Deixa, incompleto, Cera das almas.


Pedro Nava

Nos arquivos culturais da Fundação Cultural Ferreira Lage, FUNALFA, órgão da prefeitura municipal de Juiz de Fora, responsável pelo patrimônio histórico da cidade, (cidade natal do escritor) pouco se encontra sobre Pedro Nava. Apenas poucas linhas, que não correspondem à importância do escritor, não foram suficientes para realizarmos esta matéria. Agradecemos o site Vidas Lusófonas e a Professora Universitária de Literatura Maria Consuelo Cunha Campos, que realizou extraordinário trabalho sobre o poeta, e recomendamos a leitura do mesmo clicando no site vidaslusofonas, no final desta matéria.
A poesia de Pedro Nava é bissexta, isto é, esporádica, concentrando-se entre os anos 1925/1944, quando se corresponde com Mário de Andrade. Até o lançamento deste Panorama (20 nov. 2001), grande parte dessa produção estava inédita nos arquivos do Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo onde foram colhidos estes poemas do escritor juiz-forano na edição da Revista Histórica de Juiz de Fora – 2005 – ed. Bumerangue - artculturalbrasil.com

Pedro Nava Poesias

POEMA PARA RODRIGO MELO FRANCO DE ANDRADE

Os elevadores estacaram unanimemente
e sem transição vibraram todos os tímpanos.
Depois um choro desmedido
derramou-se pelo edifício.
Mas foi parando aos poucos,
até perder-se em soluços abafados
um a um.
E houve o silêncio.

Eu suspeitei sem a menor malícia
a presença terrível dos arcanjos...
Mas onde?

Todos tinham medo de se fitar,
tanto a verdade fazia esforços
para se manifestar nas fisionomias cor de cinza.

O momento era de uma gravidade infinita
e devia haver uma lucidez inusitada nos homens,
porque todos pressentiram a decepção irremediável...
- enorme como o sentido oculto das coisas inertes
[(seu sentido poético!)

E a presença de Deus foi tão absoluta
nas almas retransidas de horror,
que os poetas se sumiram na noite,
tornados de repente inúteis.

SE EU SOUBESSE BRINCAR

Si eu tivesse seis anos si soubesse brincar
pedia ao Menino Jesus que viesse me dar
seus brinquedos coloridos

E ele dava mesmo dava tudo
dava brinquedos variados de todas as cores
brinquedos sortidos
dava bolas lustrosas pra mim soltar de noite e
mandar todas pro céu com minha reza

Dava bolas dava quitanda dava balas
e havia de ficar melado, todo doce de minha baba.

E dava homenzinhos, arvinhas, bichinhos, casinhas e
em minhas mãos ingênuas eu tirava o mundo novinho,
cheiroso de cola e verniz, das caixas nurembergue
pra recomeçar deslumbrando a brincadeira da
vida

O Menino Jesus dava tudo si eu fosse menino
si soubesse brincar pra brincar com ele.


Eu fico todo bestificado olhando a lua
enquanto as mãos brasileiras de você
fazem fandango no Chopin

Tem uma voz gritando lá na rua:
Amendoim torrado
tá cabano tá no fim...

NOTURNO DE CHOPIN

Coitado do Chopin! Tá acabando tá no fim...

Amor: a lua tá doce lá fora
o vento tá doce bulindo nas bananeiras
tá doce esse aroma das noites mineiras:
cheiro de gigilim manga-rosa jasmim.

Os olhos de você, amor...

O Chopin derretido tá maxixe
meloso
gostoso
(os olhos de você, amor...)
correndo que nem caldo
na calma da noite belo horizonte.


PALÍNDROMO DO AMIGO
"Amor a Roma"
Afonso Arinos de Melo Franco

Amora, roma:
Amor a Roma.
Amor, aroma:
Amor a Roma.


(Fonte: artculturalbrasil - Lira Juiz-forana,

Revista Histórica de Juiz de Fora, 2005 – Ed. Bumerangue)


Tudo sobre Pedro Nava, da mesma autora, no site Vidas Lusófonas


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