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UMA CIDADE SEM MEMÓRIA CULTURAL É UMA CIDADE SEM FUTURO HISTÓRICO

Jorge de Lima


União dos Palmares- AL
1893-1953
Jorge Mateus de Lima nasceu em União dos Palmares, no estado de Alagoas, em 05 de novembro de 1893 (AGRADECEMOS A COLABORAÇÃO DA cultura.pmup@hotmail.com ) . Formou-se em Medicina em 1915. Foi deputado estadual (1926), em Alagoas, e vereador (1946), no Rio de Janeiro, onde viveu a partir de 1930. Ali, clinicou e lecionou Literatura, nas universidades do Brasil e do Distrito Federal, e seu consultório tornou-se um centro de reunião de intelectuais e artistas. Em 1935, converteu-se ao catolicismo, o que se reflete fortemente em sua obra. Vinculado à segunda geração do Modernismo, é um dos mais conhecidos e prestigiados autores da literatura nacional. Poeta maior, autor de romances importantes e médico de prestígio, morreu em novembro de 1953 no Rio de Janeiro.Poeta, romancista, pintor e tradutor. Em 1902 muda-se com a mãe e os irmãos para Maceió, Alagoas. Transfere-se para Salvador, em 1909, e ingressa na Faculdade de Medicina. No terceiro ano do curso, vai morar no Rio de Janeiro, e se forma em 1914, ano em que publica seu primeiro livro, XIV Alexandrinos.
Volta para Maceió em 1915 e até 1931 dedica-se igualmente à medicina, atendendo em consultório próprio, e à literatura - nesse período publica quase dez livros, sendo cinco de poesia - além de envolver-se com a política local, exercendo o cargo de deputado estadual de 1918 a 1922.
A Revolução de 1930 dá início a um período de insegurança e perseguição política que o leva a radicar-se definitivamente no Rio de Janeiro, onde tem os primeiros contatos com escritores e artistas. Seu consultório médico torna-se também ateliê de pintura e ponto de encontro de intelectuais.
Entre 1937 e 1945, sua candidatura à Academia Brasileira de Letras - ABL é recusada quatro vezes. Em 1939 inicia-se nas artes plásticas e participa de algumas exposições. Publica seu livro mais importante, o épico Invenção de Orfeu, em 1952. No ano seguinte, meses antes de morrer, grava poemas para o Arquivo da Palavra Falada da Biblioteca do Congresso de Washington, nos Estados Unidos. Sua obra, de inspiração e influência católicas, apresenta também contatos com o imaginário surrealista.
Fragmentos colhidos na internet
Entre 1937 e 1945 teve sua candidatura à Academia Brasileira de Letras recusada por seis vezes. Para Ivan Junqueira, a Academia cometeu uma imperdoável injustiça com o autor, cujo trabalho literário foi excepcionalmente bem recebido pela crítica e pelo público. O acadêmico não acredita que o poeta tenha transitado à margem da literatura de seu tempo e, afirma, quando se refere ao maior poema do autor - Invenção de Orfeu, "...até hoje, transcorridos mais de 50 anos de sua publicação, não há poeta brasileiro que dele não se lembre."
Os textos de Jorge de Lima abrigam uma colossal possibilidade de leituras (a convivência entre a tradição e o novo, o vulgar e o sublime, o regional e o universal) refletem um artista em constante mutação, que experimentou estilos diversos como o parnasiano, o regional, o barroco, o religioso. Na sua multiplicidade, Jorge de Lima pertence a todas as épocas, mesmo se reportando a um tema ou uma situação específica, ao tocar em injustiças sociais que mudaram pouco desde o início da civilização e quando escreve sobre as grandes dúvidas de todos nós, "...da miséria humana, da tentativa de superação de nossas amarras e de nossas limitações.", explica o poeta e jornalista Claufe Rodrigues, leitor voraz de Jorge de Lima.
Ítalo Moriconi, poeta e professor de literatura brasileira na Uerj, autor, entre outros, de "Como e por que ler a poesia brasileira do século XX", ao analisar a obra de Jorge de Lima (contrariamente à Ivan Junqueira quanto a questão de o poeta não ter alcançado fama por conta de sua obra ser, em parte, muitas vezes hermética e comprometida com o catolicismo), não acredita na hipótese de que a questão religiosa tenha atrapalhado a carreira do poeta: "Como poeta religioso Jorge de Lima nunca produziu nada com a qualidade de um Murilo Mendes em "Poesia liberdade". O lugar canônico de Lima vem dos sonetos, da sua primeira poesia modernista e, sobretudo de Invenção de Orfeu.".
Moriconi afirma que a maioria dos professores de letras não conhece bem nem Murilo Mendes nem Jorge de Lima e toca num ponto fundamental para a pouca visibilidade do poeta: "...como levar um poeta tão complexo a um currículo básico de graduação? "(...) Quem os conhece, mesmo quando os amam, como é o meu caso, hesitam em substituir um daqueles quatro por esses dois.", referindo-se aos poetas Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, Mário Quintana e João Cabral de Melo Neto.

O ACENDEDOR DE LAMPIÕES

Lá vem o acendedor de lampiões da rua!
Este mesmo que vem infatigavelmente,
Parodiar o sol e associar-se à lua
Quando a sombra da noite enegrece o poente!

Um, dois, três lampiões, acende e continua
Outros mais a acender imperturbavelmente,
À medida que a noite aos poucos se acentua
E a palidez da lua apenas se pressente.

Triste ironia atroz que o senso humano irrita: —
Ele que doira a noite e ilumina a cidade,
Talvez não tenha luz na choupana em que habita.

Tanta gente também nos outros insinua
Crenças, religiões, amor, felicidade,
Como este acendedor de lampiões da rua!


ANJO DALTÔNICO


Tempo da infância, cinza de borralho,
tempo esfumado sobre vila e rio
e tumba e cal e coisas que eu não valho,
cobre isso tudo em que me denuncio.

Há também essa face que sumiu
e o espelho triste e o rei desse baralho.
Ponho as cartas na mesa. Jogo frio.
Veste esse rei um manto de espantalho.

Era daltônico o anjo que o coseu,
e se era anjo, senhores, não se sabe,
que muita coisa a um anjo se assemelha.

Esses trapos azuis, olhai, sou eu.
Se vós não os vedes, culpa não me cabe
de andar vestido em túnica vermelha.


VIAJOR


Viajor que vais galgando o dorso da montanha
E ainda não descansaste um único momento,
Deves ter como eu tenho uma visão estranha
Que te dá incentivo e intrepidez e alento.

Se o caminho te cansa e se o cardo te arranha
Nunca tens uma injúria à fadiga e ao tormento
E se a vida me cansa e a mágoa se me estranha
Não profiro um motejo, uma injúria, um lamento...

E seguimos os dois, cheios de ansiedade.
Tu subindo a montanha e eu passando a existência,
Tu coberto de pó, eu cheio de saudade.

Tu vais deixando a planície, eu deixo a adolescência,
Tu subindo a montanha indo de gruta em gruta,
E eu passando a existência indo de luta em luta.

3 comentários:

  1. Elson Davi20:21

    Jorge de Lima nasceu em União dos Palmares, Alagoas em 05 de novembro de 1983, fonte: Cartório de Registro Civil em União dos Palmares.

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  2. Elson Davi20:22

    Contato: cultura.pmup@hotmail.com e fone (82)9914-5246.

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  3. muito bom.

    beijinhos e uma linda noite

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