28/08/10 - 01/02/2004
Miracema-RJ - Petrópolis RJ
De ascendência libanesa, veio para Petrópolis em 1938. Natural de Miracema, RJ, nasceu no dia 28/08/10 e faleceu em 01 de fevereiro de 2004. Filho de Felipe Félix e Militina Souza Félix.
Contador, aposentou-se como funcionário público. Foi membro efetivo da Sala Gabriela Mistral, da Academia Petropolitana de Letras e da Academia Brasileira de Poesia, Casa de Raul de Leoni.
O escritor e poeta professor Joaquim Eloy Duarte dos Santos, nos lembra uma particularidade histórica envolvendo Farid Félix. Com o falecimento do poeta Francisco Carauta de Souza no ano de 1966, foi eleito Farid Félix, em 1967, para ocupar a cadeira número 8, na Academia Petropolitana de Letras, e foi empossado em 1968.
Na presidência de José De Cusatis, no ano de 1985, Farid passou à categoria de Sócio Emérito, perdendo a cadeira para o então eleito Geraldo Ventura Dias, o autor do Hino de Petrópolis, empossado no mesmo ano. Ao falecer Ventura Dias no ano de 2000, a Diretoria resolveu reintegrar Farid Félix na titularidade da sua cadeira, para honra da Academia e felicidade do Farid.
O escritor e pesquisador Osmar Barbosa em sua Antologia da Língua Portuguesa,, organizada para a Editora Ediouro, classificou Farid Félix como neo-romântico. Provavelmente usou o termo para designar um poeta extremamente romântico numa época em que o romantismo estava em baixa.
Seu livro de estréia LUA DO MEU RIO, de 1981, da Editora Pongetti, saudado efusivamente pelos amantes da boa poesia, com prefácio de Hélio Chaves, que destaca sobretudo seu lirismo, contém sonetos belíssimos, de conteúdo romântico, comparados pela crítica aos melhores do gênero em língua portuguesa.
Em 87 lançou pela Editora Pirilampo, do professor Paulo César dos Santos, o livro NÓS E O TEMPO, com prefácio do poeta Mário Fonseca, que o considerou na ocasião o melhor sonetista vivo do Brasil, onde além de sonetos de bela feitura nos brindou com poemas modernos de variados ritmos.
Contador, aposentou-se como funcionário público. Foi membro efetivo da Sala Gabriela Mistral, da Academia Petropolitana de Letras e da Academia Brasileira de Poesia, Casa de Raul de Leoni.
O escritor e poeta professor Joaquim Eloy Duarte dos Santos, nos lembra uma particularidade histórica envolvendo Farid Félix. Com o falecimento do poeta Francisco Carauta de Souza no ano de 1966, foi eleito Farid Félix, em 1967, para ocupar a cadeira número 8, na Academia Petropolitana de Letras, e foi empossado em 1968.
Na presidência de José De Cusatis, no ano de 1985, Farid passou à categoria de Sócio Emérito, perdendo a cadeira para o então eleito Geraldo Ventura Dias, o autor do Hino de Petrópolis, empossado no mesmo ano. Ao falecer Ventura Dias no ano de 2000, a Diretoria resolveu reintegrar Farid Félix na titularidade da sua cadeira, para honra da Academia e felicidade do Farid.
O escritor e pesquisador Osmar Barbosa em sua Antologia da Língua Portuguesa,, organizada para a Editora Ediouro, classificou Farid Félix como neo-romântico. Provavelmente usou o termo para designar um poeta extremamente romântico numa época em que o romantismo estava em baixa.
Seu livro de estréia LUA DO MEU RIO, de 1981, da Editora Pongetti, saudado efusivamente pelos amantes da boa poesia, com prefácio de Hélio Chaves, que destaca sobretudo seu lirismo, contém sonetos belíssimos, de conteúdo romântico, comparados pela crítica aos melhores do gênero em língua portuguesa.
Em 87 lançou pela Editora Pirilampo, do professor Paulo César dos Santos, o livro NÓS E O TEMPO, com prefácio do poeta Mário Fonseca, que o considerou na ocasião o melhor sonetista vivo do Brasil, onde além de sonetos de bela feitura nos brindou com poemas modernos de variados ritmos.
Farid considerava seu grande equívoco literário os poemas em versos livre que produziu, já que os considerava de duvidosa qualidade. Nas décadas de oitenta, fundamos na cidade, junto com onze amigos, a CONFRARIA ARTE E AMIZADE, cujo objetivo principal era falar sobre literatura, principalmente a literatura produzida na cidade. E como falávamos! Diga-se, a bem da verdade, que começamos falando mal dos nossos próprios escritos. Mas Farid jamais teceu um comentário crítico ou deselegante a respeito do trabalho alheio. Só falava mal daquilo que ele escrevia, apesar de se divertir muito com nossos comentários e críticas. Um belo dia, ele nos deixou bastante constrangidos, quando propôs que o tema da reunião fosse um poema do Mário Quintana, de quem gostava muito. Ele levou e apresentou o tema. Prestem atenção: DO BELO: Nada, no mundo é, por si mesmo, feio. / Inda a mais vil mulher, inda o mais triste poema, / Palpita sempre neles o divino anseio / Da beleza suprema... Juro que aprendemos a lição!
Um dos aspectos marcantes desse adorável ser humano era seu constante bom humor. Sempre disponível, quer fosse para um chope ameno ou para falar de seus poemas e poetas favoritos. Se o papo fosse em torno de Olavo Bilac, por quem tinha verdadeira adoração, a empolgação não tinha limites. Demonstrava sempre um carinho especial por quem escrevia poesia, não se importando muito com a qualidade, porque creditava, com sinceridade, que o tempo e a persistência acabariam fazendo uma das duas coisas: ou o candidato a poeta desistiria ao perceber que não tinha talento, ou, na melhor das hipóteses, acabaria aprendendo. Por isso tinha sempre uma palavra de incentivo e de carinho para os iniciantes.
Para lembrar seu amor pelos poetas, vamos lembrar os tercetos finais do soneto E DEUS DISSE AO POETA, = Apóstolo do sonho e da esperança / o poeta partiu em doce calma, /a mercê de borrascas e bonança. / E cantou, e ainda canta aos sóis dispersos, / toda a beleza que lhe brota nalma, / e jorra em catarata dos seus versos. Apenas para ilustrar, aqui vão algumas sutilezas do Farid: O consolo do careca / por incrível que pareça / é ter no rosto o cabelo / que não teve na cabeça. – A procura de Maria / corri o mundo sem fim / achei Maria de todos / menos Maria de mim.
Victor Hugo escreveu que fazer versos é muito fácil ou totalmente impossível! Só os espíritos privilegiados conseguem fazer belos poemas. Poeta de cunho intimista, Farid Félix foi um desses privilegiados. Entre os poetas que Farid mais admirava estava Olavo Bilac, a quem considerava o melhor de todos, mas gostava também de Vicente de Carvalho, Humberto de Campos, Raimundo Corrêa e Hélio Chaves, por quem nutria especial amizade.
Carlos Alberto Prato, poeta argentino, meio doido (no bom sentido, claro!), que viveu em Petrópolis nos anos oitenta, e que era grande admirador de Farid, deixou em tríptico dedicado a Dante Milano este pensamento maravilhoso, que se encaixa como uma luva, quando falamos de farid Félix: Porque o poeta vive quando o lemos / e com suas emoções o recriamos / e morremos um pouco se o esquecemos / mas nos damos a vida se o lembramos.
Que beleza! Assim, para falar de um poeta, nada melhor do que falar de seus poemas.
VIDA
(Farid Félix)
Vida, profundo e imenso labirinto
Vida, profundo e imenso labirinto
em que ditoso, o meu ideal buscando,
cheio de sonhos, de emoções faminto,
entrei um dia, o coração cantando.
Como Teseu, herói de um tempo extinto,
cheio de sonhos, de emoções faminto,
entrei um dia, o coração cantando.
Como Teseu, herói de um tempo extinto,
não tive do novelo o fio brando,
que me guiasse pelo teu recinto
de enganos e mistérios formidando.
E ora me interiorizo e me concentro,
que me guiasse pelo teu recinto
de enganos e mistérios formidando.
E ora me interiorizo e me concentro,
no quanto me quisera e não tivera,
nesse doido vagar por ti adentro,
e sinto, nos teus vórtices medonhos,
nesse doido vagar por ti adentro,
e sinto, nos teus vórtices medonhos,
que, sem de Ariadne, o fio, eu me perdera
no labirinto dos meus próprios sonhos.
PAPAI NOEL
no labirinto dos meus próprios sonhos.
PAPAI NOEL
(Farid Félix)
Papai Noel, eu era inda criança
Papai Noel, eu era inda criança
e a te esperar me punha nesses dias,
tomado da mais dúlcida esperança
de que um lindo brinquedo me trarias.
Como nem tudo que se quer se alcança,
tomado da mais dúlcida esperança
de que um lindo brinquedo me trarias.
Como nem tudo que se quer se alcança,
pelo Natal chegavas e partias,
e de mim, alma ingenuamente mansa,
nunca, Papai Noel, te apercebias.
Ah! Como o tempo o passa... Menininho,
e de mim, alma ingenuamente mansa,
nunca, Papai Noel, te apercebias.
Ah! Como o tempo o passa... Menininho,
eu punha na janela meus tamancos,
que eu não tinha sequer, um sapatinho.
Ainda hoje, como antes, eu me quedo,
que eu não tinha sequer, um sapatinho.
Ainda hoje, como antes, eu me quedo,
a te esperar, cabelos todos brancos
na ilusão de que tragas meu brinquedo.
e ela passa... Inflexivelmente fria,
na ilusão de que tragas meu brinquedo.
O livro LUA DO MEU RIO, em estruturação poética e equilíbrio estético está entre o que de melhor já foi produzido em Petrópolis em termos literários. É importante que se destaque na obra de Farid o cuidado artesanal dos seus poemas e a ternura com que tratava os elementos básicos de sua poesia. No soneto Ela, Farid se embatucou no último terceto. Segundo o próprio poeta ele demorou mais de dez anos para encontrar a chave de ouro que imaginaa para encerrarv o soneto. O final do soneto ficou assim:
e ela passa... Inflexivelmente fria,
mas tão linda no seu fulgor, que ensombra
a própria luz do sol, que a acaricia.
E, assim, ela não vê, abstraída e bela,
E, assim, ela não vê, abstraída e bela,
que é minha alma, e não a sua sombra,
a sombra que a seus pés se vai com ela!
PETRÓPOLIS
Em Farid, temas como o amor, a saudade, cenas do cotidiano, a mulher amada e a cidade natal ganham dimensões inesperadas e um novo colorido, impregnados da mágica arte de um poeta que queria fosse esse seu último soneto:
PETRÓPOLIS
(Farid Félix)
Moço ainda busquei tuas paragens,
Moço ainda busquei tuas paragens,
olhos escancarados à beleza
de teus rios e ao verde das folhagens,
com que te engalanou a natureza.
Encantado de tua realeza
de teus rios e ao verde das folhagens,
com que te engalanou a natureza.
Encantado de tua realeza
e de tuas edênicas paisagens,
louvei em ti, de Deus toda a beleza
a mais bela de todas as miragens.
Aqui, planos tracei, ergui castelos,
louvei em ti, de Deus toda a beleza
a mais bela de todas as miragens.
Aqui, planos tracei, ergui castelos,
Estruturei o meu primeiro verso
e engrinaldei de neve os meus cabelos.
E o meu fervor por ti chegou ao cúmulo:
e engrinaldei de neve os meus cabelos.
E o meu fervor por ti chegou ao cúmulo:
Se ao nascer, te não tive por meu berço,
que ao menos eu te tenha por meu túmulo.
Os restos mortais de Farid Félix estão sepultados em Petrópolis, onde faleceu em fevereiro de 2004.
Fonte:
que ao menos eu te tenha por meu túmulo.
Os restos mortais de Farid Félix estão sepultados em Petrópolis, onde faleceu em fevereiro de 2004.
Fonte:
http://www.rauldeleoni.org/academicos.html
Agradecemos a colaboração da poetisa e escritora Regina Coeli expressãomulherblog pela recomendação e envio dos sonetos abaixo.
E DEUS DISSE AO POETA
Agradecemos a colaboração da poetisa e escritora Regina Coeli expressãomulherblog pela recomendação e envio dos sonetos abaixo.
E DEUS DISSE AO POETA
(Farid Félix)
Ao poeta disse Deus: "Vai, peregrino,
Ao poeta disse Deus: "Vai, peregrino,
e cumpre as tuas árduas caminhadas,
e canta e que teu canto seja um hino,
mas de esperança às almas desoladas.
Vai e canta com teu verbo cristalino,
Vai e canta com teu verbo cristalino,
sejam dias de sol, ou de nevadas,
que este é, na vida amarga, o teu destino:
florir de sonho todas as estradas".
Apóstolo do sonho e da esperança,
Apóstolo do sonho e da esperança,
o poeta partiu, em doce calma,
à mercê de borrascas e bonança.
E cantou, e ainda canta aos sóis dispersos
E cantou, e ainda canta aos sóis dispersos
toda a beleza que lhe brotou n'alma
e jorra em cataratas dos seus versos.
ELA
ELA
(Farid Félix)
Todo dia ela passa, manhãzinha,
Todo dia ela passa, manhãzinha,
mal radiosa do sol a luz se escoa,
tão logo a passarada desaninha
e asas ao vento a imensidão povoa.
Boneca de ouro e mármore caminha,
Boneca de ouro e mármore caminha,
olhos postos no chão, simples e boa,
lembrando pelo porte uma rainha,
na opulência da graça que a coroa.
E ela passa... inflexivelmente fria,
E ela passa... inflexivelmente fria,
mas tão linda no seu fulgor, que ensombra
a própria luz do sol, que a acaricia...
E, assim, ela não vê, abstraída e bela,
E, assim, ela não vê, abstraída e bela,
que é a minha alma, e não a sua sombra,
a sombra que a seus pés se vai com ela!
INDIFERENTES
INDIFERENTES
(Farid Félix)
Começou, de um olhar sem pretensão,
Começou, de um olhar sem pretensão,
nossa história de amor e encantamento.
Tu só tinhas a mim no pensamento.
Eu apenas a ti no coração.
Que pudesse morrer nossa ilusão,
Que pudesse morrer nossa ilusão,
não pensaste, nem eu, um só momento.
E cheios de ânsias e deslumbramento,
a vida a um Éden nos sabia, então.
Felizes, longo tempo nós vivemos,
Felizes, longo tempo nós vivemos,
sem uma altercação, ou rusgazinha
que perigasse o teu afeto e o meu.
Hoje (ninguém diria) se nos vemos:
Hoje (ninguém diria) se nos vemos:
Nem me parece que já foste minha!
Nem te parece que também fui teu!
Realização
Realização
VISITE
Uno-me à Artculturalbrasil em seu trabalho de excelência na área da literatura, ao nobre poeta e amigo Jacob e ao estudioso de poesia, poeta e amigo José Roberto Gullino, para aplaudir o esplendor dos versos do poeta Farid Félix, aqui homenageado e generosamente compartilhada a sua história e a sua poesia pela Academia Brasileira de Poesia - Casa de Raul de Leoni, Petrópolis (RJ), da qual ele foi ilustre acadêmico.
ResponderExcluirMuito agradecida,
Regina Coeli/RJ.