Página Maria Granzoto
Editora de Literatura ArtCulturalBrasil
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Quinhentismo no Brasil
Parte I
Parte I
AFRÂNIO COUTINHO E A PROBLEMÁTICA DA
HISTORIOGRAFIA LITERÁRIA
O PROBLEMA DO CONCEITO DE HISTÓRIA LITERÁRIA
Antes de iniciar a abordagem sobre o Quinhentismo no Brasil, consideramos relevante a leitura dos enfoques que críticos literários emprestam ao assunto, bastante controverso em nossa opinião. Cremos que dessa forma o leitor entenderá o Quinhentismo com visão mais aprofundada, sendo livre para elaborar as suas próprias conclusões.
Coutinho informa, na obra referida, que, no Primeiro Congresso Internacional de História Literária em 1931, já se discutia os métodos da História literária. Muitos querem substituir o método histórico. Os métodos históricos documentais propõem o exame das condições ou circunstâncias que envolvem a criação das obras literárias, sendo, portanto, uma disciplina histórica, baseada no método histórico, nas noções de historicidade do fato literário e da possibilidade de estabelecer entre os fatos relações de causalidade e condicionamento.
A escola estética ou método estético e crítico, por sua vez, ataca os abusos do método histórico e nega a historicidade do fenômeno literário e a possibilidade de estabelecer os nexos de causa e condições.
Afrânio Coutinho entende o método histórico como que uma adaptação da metodologia da Biologia. Ou seja, a técnica do trabalho, da pesquisa e apresentação de resultados imita o procedimento dos biólogos na pesquisa e arrolamento dos fatos, de minúcias sobre as vidas, as fontes, as influências. Algo que recebeu o nome de "positivismo" em metodologia do trabalho literário.
Os positivistas se dividem em duas linhas paralelas:
a) a escola histórica ou romântica alemã " Herder, os irmãos Schlegel, os irmãos Grimm que vai se centrar na poesia popular e nas origens históricas e místicas de seus produtos.
b) a escola positivista francesa " que busca apoio nas ciências naturais para estabelecer o método de pesquisa histórica e literária; visa a explicar os fatos do espírito pelas leis gerais da evolução histórica, da gênese sociológica e das características psicológicas, acentuando o papel da herança biológica, dos quadros social e geográficos no condicionamento dos fatos do espírito.
A OPOSIÇÃO AO MÉTODO HISTÓRICO
Para se contrapor as correntes e subcorrentes do método histórico surgem duas linhas influenciadas pelo idealismo hegeliano: a linha de Dilthey e a linha de Croce.
d) abusa da quantificação de dados apelando para estatísticas e outros meios numéricos de abordar a obra de arte;
e) procede a análises cada vez mais amplas, como se a quantidade, em matéria de influências, por exemplo, não fosse desprezível em relação à qualidade;
f) superestima a questão das influências e imitações;
g) tende a fragmentar os textos no uso excessivo de fichas;
h) pretende explicar a obra literária, ou detalhes desta, pelos fatos e textos conhecidos, esquecendo que todo texto é como um "iceberg" na metáfora de Ingedore Koch.
CLOSE ANALYSIS
Afrânio Coutinho propõe a close analysis para evitar os extremos do historicismo que hipertrofiou o papel das pesquisas históricas, sociais, econômicas e biográficas na explicação da obra literária e os exageros da reação que podem levar a um falso isolacionismo estético. A close analysis consiste numa síntese entre as duas correntes, ou seja, na análise exata da obra de arte como tal e na sua totalidade que a integra na história da civilização. Desse modo, são necessários os métodos históricos: pesquisas biográficas, estudo do meio histórico, pesquisa das fontes, influências e relações, estudo das edições e do público, enfim, tudo o que testemunhe as relações da obra com a história, a época, com a geração. Entretanto, a história é apenas um acessório que o crítico se utiliza, entre outros, para investigar o fenômeno literário.
NATUREZA DO FATO
O fato literário possui uma natureza dúplice: de um lado estão os elementos históricos que envolvem o fato literário com uma capa e o articulam com a civilização " personalidade do autor, língua, raça, meio geográfico e social, momentos: e de outro temos os elementos estéticos, que constituem o núcleo do fato literário, que o fazem distinto de outro fato da vida (econômico, político, moral, religioso): tipo de narrativa, enredo, motivos, ponto de vista, personagem, linha melódica, movimento, temática, prosódia, estilo, ritmo, métrica, etc. diferindo conforme o gênero literário e, ao mesmo tempo, contribuindo para diferenciá-lo.
ESTUDO LITERÁRIO: DISCIPLINA AUTOTÉLICA?
Afrânio Coutinho traz o problema de que o estudo literário, segundo alguns teóricos, não deva valer-se de métodos transferidos de outras disciplinas ou ciências.
Coutinho entende que os estudos extra literários não são crítica ou história literária. São contribuições exteriores, legítimas, provenientes da sociologia, história, economia, psicologia, antropologia, psicanálise. Ou seja, não são crítica mas podem auxiliar a crítica. Assim, a crítica e a história literária visam à obra nos seus elementos intrínsecos ou artísticos. As outras disciplinas da natureza ou do espírito podem auxiliar mas não substituir o seu método e modo de operar. Portanto, cabe ao estudo literário não adotar o método de outras ciências, mas assumir uma atitude científica. O fenômeno literário não está isolado, ele faz parte de uma rede de relações com o todo da vida humana.Entretanto, ele deve ser encarado por suas especificidades e peculiaridades, cujo estudo e interpretação se impõe um método especial, o método crítico ou "poético"
O PROBLEMA DA PERIODIZAÇÃO
Coutinho discute o problema do critério utilizado por esta ou aquela periodologia. Problema que exige boa formulação sob pena de ver a história como um fluxo contínuo e sem direção, um acervo de eventos caóticos e indistintos.
A periodologia reflete o caráter incerto da natureza e finalidade da disciplina história literária.Porque esta disciplina ainda não delimitou o âmbito de sua atividade, não criou uma metódica própria de pesquisa e de exposição. Assim, os fenômenos literários são vistos e interpretados como epifenômenos dos fatos políticos, sociais e econômicos, ou como superestruturas dependentes e originárias da infra-estrutura socioeconômica. Desse modo, as divisões periodológicas em história literária, até agora, geralmente, tem sido condicionadas às divisões políticas. Dessa forma, os períodos correspondem aos reinados (Luís XIV, por exemplo) ou recebem etiquetas derivadas dos nomes de monarcas importantes (era elisabetana, vitoriana).Coutinho também critica a arbitrariedade das divisões puramente cronológicas.
A SOLUÇÃO PORTUGUESA
As divisões propostas para as literaturas de língua portuguesa refletem uma heterogeneidade de critérios. Ora se utiliza de denominações originárias da história geral (Idade Média, Tempos modernos) com outras provenientes da história da arte (Renascimento), com simples termos numéricos (Séculos XVI, XVII, XX, Quinhentismo, etc), com termos de conteúdo literário (Romantismo, Classicismo), adotando como marcos ora o limite dos séculos, ora a morte de grandes figuras ou a publicação de obras célebres e influentes (morte de Camões, publicação de "Camões" de Garret). As divisões tradicionais na literatura brasileira referem-se, com ligeiras diferenças, a critérios políticos ou históricos " era colonial, era nacional " com subdivisões mais ou menos arbitrárias, por séculos ou decênios ou por escolas literárias.
A PROPOSTA DE COUTINHO
Segundo Coutinho o princípio periodológico, tanto quanto o próprio princípio da história literária, deve decorrer de um conceito geral de literatura. Assim a periodização literária ideal obedecerá a critério puramente literário, a partir da noção de que a literatura se desenvolve como literatura. E ancorado em Wellek que afirma ser "o período uma seção de tempo (dentro do desenvolvimento universal) dominado por um sistema de normas, padrões e convenções literárias, cuja introdução, alastramento, diversificação, integração e desaparecimento podem ser traçados". Coutinho propõe que o desenvolvimento geral da literatura seja dividido em categorias literárias.
AS ZONAS FRONTEIRIÇAS
A nova periodologia sugere que em vez da sucessão de períodos, como blocos estanques, o que existe é a imbricação, pois os sistemas de normas que se substituem em dois períodos jamais começam e acabam em momentos precisos. Assim as novas normas substituem as antigas progressivamente, imbricando-se, interpenetrando-se, entrecruzando-se, e se superpondo, criando zonas fronteiriças, de transição, nas fímbrias dos períodos. Assim, em vez de unidades temporais, eles são antes unidades tipológicas, a articulação fazendo-se em profundidade ou por camadas. Desse modo, opera-se a ruptura com a quimera de datas e limites (Berr e Febvre) ou com a tirania cronológica (Carpeaux). Carpeaux vê nessa reação contra a cronologia a finalidade visível das modernas tendências de historiografia literária.
O QUE É PERÍODO
Descrever um período literário compreende fazer o estudo das características do estilo literário que o dominou e da evolução estilística; analisar os princípios estéticos e críticos que constituíram o seu sistema de normas; definir e historiar o termo que o designa; examinar as relações da atividade literária com as demais formas de atividade; checar as relações dentro de um mesmo período entre as diversas literaturas nacionais; investigar as causas que deram nascimento e morte ao conjunto de normas próprias do período, sejam causas de ordem interna ou literária e de ordem extraliterária, social ou cultural: comparar obras individuais com relação ao sistema de normas, verificando-se a que ponto elas são representativas e típicas do sistema, centrando a análise na própria obra, em suas características estético-estilísticas, e não nas circunstâncias que condicionaram a sua gênese (autor, meio, raça, momento etc.); analisar as formas ou gêneros literários, dentro do quadro periodológico, pondo-se em relevo as aquisições que fizeram sob o novo sistema de normas, ou os desencontros que o tornaram impróprio ao desenvolvimento daqueles gêneros.
Em suma, o período é um sistema de normas literárias expressas num estilo.
Portanto, descrever literariamente uma época é proceder à definição e caracterização do estilo que lhe emprestou fisionomia própria e inconfundível.
O PROBLEMA DO SÉCULO XVII E DO SÉCULO XIX
PARA O CRITÉRIO CRONOLÓGICO
Através da perspectiva estilística, ficamos aptos a compreender a concomitância no tempo de fenômenos estilísticos diversos ou opostos. Assim, entendemos o século XVII, no qual aparecem manchas estilísticas, a barroca predominando, entretanto, no caso da França, o estilo clássico dando nota, a ponto de obscurecer as feições barrocas lá também existentes mescladas com elementos clássicos nas obras de Racine ou Bossuet, e outras, como Pascal, outrora considerado totalmente clássico e que hoje, pela análise estilística, são incorporadas ao Barroquismo.
No século XIX ocorre fenômeno análogo, quando se misturam, cruzando-se, imbricando-se e superpondo-se, manifestações estilísticas diversas e antagônicas, como o Simbolismo e o Parnasianismo, o Realismo e o Romantismo, que nunca se sucederam cronologicamente de maneira exata, antes se amalgaram e se entrosaram para gerar as formas literárias do século XX. Desse modo, fica limitado compreender toda essa complexidade apelando apenas para a pura cronologia.
A UNIDADE DO PERÍODO
Coutinho entende que a unidade de um período literário não é produzida por homogeneidade estilística, mas pelo predomínio de certo estilo que determina o tom geral, graças a uma constelação de sinais, o que não exclui a possibilidade de concorrência de outros estilos no tempo e de diferenças geográficas e diferenças entre as diversas artes quanto à época de prevalência do estilo dominante.
O MÉTODO COMPARATIVO COMO SOLUÇÃO
Na história das artes e letras modernas, graças à aplicação do método comparativo, os estilos principais que prevaleceram como unidades periodológicas foram os seguintes: renascentista, barroco, neoclássico, rococó, romântico, realista, impressionista, modernista. Assim categorias estilísticas oriundas da história da arte migraram para a história das letras modernas. Dada a natureza análoga do fenômeno artístico, é natural que os critérios passem de uma a outra arte de forma mais fluida do que entre a história política e a história literária. Desse modo, é cabível falar em teatro clássico, poema clássico, escultura clássica, música clássica. Com o tempo vai se generalizando na crítica literária o uso do termo "barroco" referente não só a uma época literária mas histórica pós-renascimento.
AS SOLUÇÕES BRASILEIRAS
Coutinho afirma que a historiografia literária no Brasil, na sua fase primitiva, pensava a literatura como um fenômeno histórico, de que a história literária, conseqüentemente, deve ser parte da história geral.
O MÉTODO ROMERIANO
É com Sílvio Romero que a historiografia literária brasileira passa a ser encarada em bases científicas, com preocupação conceitual e metodológica, situando-o como o sistematizador da disciplina entre nós, a despeito das restrições que lhe possam ser feitas.
A concepção romeriana da literatura e da história literária é tributária da fonte romântica e germânica, que a identificava com o gênio nacional e interpretava sua evolução em consonância com a marcha do sentimento nacional, visão compartilhada pela maioria dos historiadores de literatura e é tributária do pensamento filosófico positivista e naturalista, do evolucionismo darwiniano e spenceriano. Em Sílvio Romero consolidou-se a concepção historicista e sociológica da literatura e a adoção do método histórico para a história literária influindo em seus sucessores.
O método de Sílvio Romero consiste em fazer o levantamento da parte estática, ou base sobre a qual se levantam a nacionalidade, raça, território, meio social e econômico, em suma por introdução sociológicas.
A PROPOSTA AFRANIANA
Segundo Afrânio Coutinho para romper com a tendência da subordinação do fenômeno literário ao histórico, há que se partir para uma filosofia periodológica de natureza estética. Assim, a solução está na historiografia literária que seja a descrição do processo evolutivo como integração dos estilos artísticos.
Coutinho discrimina algumas vantagens para a história da literatura na adoção da periodologia estilística. Segundo ele, a história literária se livraria de três tiranias. Sendo elas:
a) tirania cronológica: os períodos líberos da mecânica cronológica, dispensam fronteiras precisas, delimitações exatas, aparecendo, como na realidade, antes como blocos que se imbricam, interpenetram e superpõem, o que explica as concomitâncias, os precursores, os retardados, fenômenos comezinhos da história literária;
b) tirania sociológica: repele a noção da causalidade dos elementos estáticos " meio físicos, meio social, meio biológico, meio econômico " fatores a que Taine e o marxismo, e outras concepções da literatura como expressão da sociedade, concedem a prioridade da gênese do fenômeno artístico, que seria, assim, mera superestrutura em relação àquelas infra-estruturais.
c) tirania política: em vez de definir e caracterizar a literatura pela sua subordinação aos critérios políticos, o que importa à crítica verdadeiramente poética é a qualidade da expressão artística segundo suas características, e não o seu valor como testemunho de nacionalismo. Desse modo, a periodologia estética - estilística corrige essa tendência ao aplicar o princípio de nacionalismo à interpretação do fenômeno literário e ao ver na literatura uma expressão de consciência nacional.
Enfoques rotineiros apresentados nos livros de literatura brasileira.
Época literária em que os textos possuem cunho informativo e se apresentam como prolongamento da literatura de viagens, gênero largamente cultivado em Portugal e em toda Europa.
CONTEXTO HISTÓRICO
Depois de 1500 , o Brasil ficou praticamente isolado da política colonialista portuguesa . Nenhuma riqueza se oferecia aqui às necessidades mercantilistas da época . Só depois de 30 anos da descoberta é que a exploração começou a ser feita de forma sistemática e , assim mesmo , de maneira bastante lenta e gradativa.
O primeiro produto que atraiu a atenção dos portugueses para a nova terra foi o pau-brasil, uma madeira da qual se extraia uma tinta vermelha que tinha razoável mercado na Europa. Para sua exploração, não movimentaram grande volume de capital , cuidado que a monarquia lusitana , sempre em estado de falência , precisava tomar . Nada de vilas ou cidades, apenas algumas fortificações precárias, para proteção da costa. Esse quadro sofreria modificações profundas ao longo do século XVI.
Sem o estabelecimento de uma vida social mais ou menos organizada, a vida cultural sofreria de escassez e descontinuidade. A crítica literária costuma periodiza o início da história da literatura brasileira com o Barroco, em 1601. Como se vê, já no século XVII. Assim, uma pergunta se impõe: o que aconteceu no Brasil entre 1500 e 1600, no âmbito da arte literária.
Esse período, denominado de "Quinhentismo”, apesar de não ter apresentado nenhum estilo literário articulado e desenvolvido, mostrou algumas manifestações que merecem consideração. Podemos destacar duas tendências literárias dentro do Quinhentismo brasileiro: a Literatura de Informação e a Literatura dos Jesuítas.
A LITERATURA DE INFORMAÇÃO
Durante o século XVI, sobretudo a partir da segunda metade, as terras então recém-descobertas despertaram muito interesse nos europeus. Entre os comerciantes e militares, havia aqueles que vinham para conhecer e dar notícias sobre essas novas terras, como o escrivão Pero Vaz de Caminha, que acompanhou a expedição de Pedro Álvares Cabral, em 1500.
Os textos produzidos eram, de modo geral, ufanistas, exagerando as qualidades da terra, as possibilidades de negócios e a facilidade de enriquecimento. Alguns mais realistas deixavam transparecer as enormes dificuldades locais, como locomoção, transporte, comunicação e orientação.
O envolvimento emocional dos autores com os aspectos sociais e humanos da nova terra era praticamente nulo. E nem podia ser diferente, uma vez que esses autores não tinham qualquer conhecimento sobre a cultura dos povos silvícolas. Parece ser inclusive exagerado considerar tais textos como produções literárias, mas a tradição crítica consagrou assim.
Seguem alguns trechos da famosa Carta que Pero Vaz de Caminha enviou ao Rei D. Manuel de Portugal, por ocasião da descoberta do Brasil.
"E neste dia, a hora de véspera , houvemos vista de terra , isto é principalmente d'um grande monte , mui alto e redondo , e d'outras serras mais baixas a sul dele de terra chã com grandes arvoredos , ao qual monte alto o capitão pôs nome o Monte Pascoal e à Terra de Vera Cruz.
A feição deles é serem pardos, maneira d'avermelhados, de bons narizes, bem feitos. Andam nus, sem nenhuma cobertura, nem estimam nenhuma cousa cobrir nem mostrar suas vergonhas. E estão acerca disso com tanta inocência como têm em mostrar o rosto.
Os outros dois, que o capitão teve nas naus, a quem deu o que já dito é, nunca aqui mais apareceram, de que tiro ser gente bestial e de pouco saber e por isso assim esquivos. Eles, porém, com tudo, andam muito bem curados e muito limpos e naquilo me aprece ainda mais que são como aves ou alimárias monteses que lhes faz o ar melhor pena e melhor cabelo que às mansas, porque os corpos seus são tão limpos e tão gordos e tão formosos, que não pode mais ser. E isto me fez presumir que não têm casas em moradas em que se acolham. E o ar, a que se criam, os faz tais.
Dali houvemos vista de homens que andavam pela praia, cerca de sete ou oito, segundo os navios pequenos disseram, porque chegaram primeiro. Ali lançamos os batéis e esquifes à água e vieram logo todos os capitães das naves a esta nau do Capitão-mor e ali conversaram. E o Capitão mandou no batel, a terra, Nicolau Coelho para ver aquele rio; e quando começou a ir para lá, acudiram, à praia, homens, aos dois e aos três. Assim, quando o batel chegou à foz do rio estavam ali dezoito ou vinte homens, pardos, todos nus, sem nenhuma roupa que lhes cobrisse suas vergonhas. Traziam arcos nas mãos e suas setas. Vinham todos rijos para o batel e Nicolau Coelho fez sinal para que deixassem os arcos e eles os pousaram. Mas não pôde ter deles fala nem entendimento que aproveitasse porque o mar quebrava na costa. “ ( Do texto original ).
A título de catequizar o "gentio"e , mais tarde , a serviço da Contra-Reforma Católica , os jesuítas logo cedo se fizeram presentes em terras brasileiras . Marcaram essa presença não só pelo trabalho de aculturação indígena , mas também através da produção literária , constituída de poesias de fundamentação religiosa , intelectualmente despojadas , simples no vocabulário fácil e ingênuo.
Também através do teatro , catequizador e por isso mesmo pedagógico , os jesuítas realizaram seu trabalho . As peças , escritas em medida velha , mesclam dogmas católicos com usos indígenas para que , gradativamente , verdades cristãs fossem sendo inseridas e assimiladas pelos índios . O autor mais importante dessa atividade é o Padre José de Anchieta. Além de autor dramático, foi também poeta e pesquisador da cultura indígena, chegando a escrever um dicionário da língua tupi-guarani.
Em suas peças, Anchieta explorava o tema religioso, quase sempre opondo os demônios indígenas, que colocavam as aldeias em perigo, aos santos católicos, que vinham salvá-la. Uma de suas peças mais conhecidas, o Auto de São Lourenço.
A literatura informativa descreve a nova terra descoberta (Brasil), seus habitantes, sua beleza natural. Também documenta as intenções do colonizador: conquistar, explorar, apresar escravos sob o disfarce da difusão do Cristianismo.
Os escritos decorrentes das viagens de reconhecimento são simples relatórios destinados a Coroa Portuguesa reportando as possibilidades de exploração e colonização. Expressam muitas vezes uma visão paradisíaca em razão do deslumbramento do europeu diante da exuberante beleza tropical. No Quinhentismo distingue-se quatro tipos de textos:
1. TEXTOS INFORMATIVOS:
Visam a descrição da terra e do selvagem. Temos como exemplos de escritores Pero Vaz de Caminha e Pero Lopes de Souza.
A Carta de Pero Vaz de Caminha ao rei D. Emanuel sobre o Descobrimento do Brasil; trata-se de um dos mais importantes textos informativos do Quinhentismo. Foi escrita sob forma de um diário de bordo datada de 1º de maio de 1500. Os pontos mais importantes desta carta são a simpatia pela terra e pelo índio.
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Comentário de Maria Granzoto da Silva
Vale a pena visitar: http://joseantoniojacob.blogspot.com/
Van Tieghem discrimina da seguinte forma as críticas ao historicismo:
a) superestima o meio histórico e social, a despeito da pequena influência que tem em muitas das obras mais interessantes;
b) centra-se no biografismo;
c) é complacente com autores medíocres, como critério de comparação com os autores contemporâneos;Afrânio Coutinho propõe a close analysis para evitar os extremos do historicismo que hipertrofiou o papel das pesquisas históricas, sociais, econômicas e biográficas na explicação da obra literária e os exageros da reação que podem levar a um falso isolacionismo estético. A close analysis consiste numa síntese entre as duas correntes, ou seja, na análise exata da obra de arte como tal e na sua totalidade que a integra na história da civilização. Desse modo, são necessários os métodos históricos: pesquisas biográficas, estudo do meio histórico, pesquisa das fontes, influências e relações, estudo das edições e do público, enfim, tudo o que testemunhe as relações da obra com a história, a época, com a geração. Entretanto, a história é apenas um acessório que o crítico se utiliza, entre outros, para investigar o fenômeno literário.
BIBLIOGRAFIA:
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_____________. Os Brasileiros: 1. Teoria do Brasil. Editora Paz e Terra, 1972.
_____________. Os Índios e a Civilização: A Integração das Populações Indígenas no Brasil Moderno. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira, 1970.
_____________. O Brasil como Problema. 2º ed., Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1995.
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ROMERO, Sílvio. Compêndio de História da Literatura Brasileira. Rio de Janeiro: Imago, Ed.Universidade Federal do Sergipe, 2001.
VERÏSSIMO, José. Estudos de Literatura Brasileira. São Paulo:Itatiaia Editora, s/d.
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VERÏSSIMO, José. Estudos de Literatura Brasileira. São Paulo:Itatiaia Editora, s/d.
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Comentário de Maria Granzoto da Silva
....
De: lilu.lfa@gmail.com
ResponderExcluirParabéns, Maria querida!!!
Já há muito intuí sobre tua categoria, teu conhecimento, tua sabedoria!
BRAVOS!
Beijos, abraços líricos,
Lígia Antunes Leivas
Presidente da ASBL
parabéns pelo conteudo sou estudante adoro a literatura
ResponderExcluirparabéns o conteudo estar maravilhoso adoro literatura
ResponderExcluirObrigada, amigos, pelos comentários! Mas que seria da humanidade se não existisse a Literatura? Creio até que deveria ser ministrada aos mais rudes: quem sabe não abrandaria seus corações?
ResponderExcluirconcordo com vc querida, a humanidade sem literatura não teria graça nenhuma.
ResponderExcluirestou estudando sobre a mesma e esse texto ampliou meus conhecimentos.obg.
Estou como voluntaria no exercito tiro de guerra de Suzano SP.
ResponderExcluirAULA DE LITERATURA BRASILEIRA!
espero contribuir de muita alegria com os 100 soldados que lá estão,para representar sobre a literatura em ação!
Nosso projeto é o projeto leitura.
agradeço pelas publicações aqui ; obrigada!