Visite nosso faceArtCulturalBrasil

UMA CIDADE SEM MEMÓRIA CULTURAL É UMA CIDADE SEM FUTURO HISTÓRICO

Linguistica




Linguistica 

A Linguistica é compreendida como a ciência que se dedica ao estudo a respeito dos fatos da linguagem, seu fundador e anunciador foi Ferdinand de Saussure.

Ferdinand de Saussure – considerado o fundador da Linguistica

O termo “Linguistica” pode ser definido como a ciência que estuda os fatos da linguagem. Para que possamos compreender o porquê de ela ser caracterizada como uma ciência, tomemos como exemplo o caso da gramática normativa, uma vez que ela não descreve a língua como realmente se evidencia, mas sim como deve ser materializada pelos falantes, constituída por um conjunto de sinais (as palavras) e por um conjunto de regras, de modo a realizar a combinação desses.

LÍNGUA, FALA, SIGNIFICADO, SIGNIFICANTE, SINCRONIA E DIACRONIA

Saussure trouxe novos caminhos para a linguistica, graças ao seu estudo sobre a língua e a fala (langue e parole).

Para Saussure a língua foi imposta ao indivíduo, enquanto a fala é um ato particular.

A soma língua + fala resulta na linguagem.

Outro aspecto básico da doutrina saussuriana é a do signo linguistico.

O signo é o resultado de significado mais significante.

Signo = significado + significante

Significado: conceito

Significante: forma gráfica + som

Toda palavra que possui um sentido é considerada um signo linguístico.

Exemplo:

“Livro” é um signo linguistico.

Quando observamos o signo “livro” percebemos que ele é a união de som, conceito e escrita, ou seja, significado e significante.

Outros exemplos de signos linguisticos:

Mar, cadeira, ventilador, cachorro, casa….

A linguistica pode ser: sincrônica ou diacrônica.

Sincrônica: estuda a língua em um dado momento.

Diacrônica: estuda a língua através dos tempos.

CARACTERÍSTICAS DO SIGNO LINGUISTICO

Arbitrariedade: uma das características do signo linguistico é o seu caráter arbitrário. Não existe uma razão para que um significante (som) esteja associado a um significado (conceito). Isso explica o fato de que cada língua usa significantes (som) diferentes para um mesmo significado (conceito).

Linearidade: Os componentes que integram um determinado signo se apresentam um após o outro, tanto na fala como na escrita.

DIVISÕES DA LINGUISTICA

- Fonética: Estuda os sons da fala.
- Fonologia: Estudo dos fonemas.
- Morfologia: Estuda a estrutura, formação, as flexões e a classificação das palavras.
- Sintaxe: Se ocupa das relações entre as palavras ou entre as orações.
- Semântica: Estuda a significação das palavras.
- Lexicologia: Estuda o conjunto de palavras de um idioma.
- Estilística: A estilística nos dá vários recursos para tornarmos os nossos discursos (falados ou escritos) mais expressivos e elegantes. Esses recursos são as figuras de linguagem e os vícios de linguagem.
- Pragmática: Estudo de como a fala é usada na comunicação diária.
- Filologia: Estuda a língua através de documentos escritos antigos.
É bom ressaltar que nem todos os linguistas concordam com essa divisão.

CORRENTES DA LINGUISTICA

Os estudos linguisticos neste século tomaram vários rumos nos diversos países em que se desenvolveram, definindo escolas ou correntes teóricas.

Entre elas, destacam-se:

Gerativismo: procura mostrar a capacidade que o indivíduo tem de compreender uma frase mediante um número finito de regras e elementos combinados.

Pragmatismo: Aborda a relação entre o discurso que envolve o indivíduo e a situação comunicativa em que ele é produzido.

Estruturalismo: entende a língua como um sistema articulado em que todos os elementos estão interligados.

Alguns linguistas estudam a linguagem de apenas um indivíduo, outros estudam a linguagem de uma comunidade inteira.

Certos linguistas contemporâneos dão mais importância a fala do que a escrita, pois a fala é uma característica de todos os indivíduos, já a escrita, não.

Mas isso não significa que a escrita não é estudada. É, sim e a cada dia são criados novos meios de estudá-la.

Vânia Duarte
Graduada em Letras



HISTÓRIA DA LINGUISTICA



FERDINAND DE SAUSSURE
1857-1913

Nasceu em Genebra, em 1857. Estudou em Leipzig e em Berlim. Foi diretor da Escola de Altos Estudos em Paris (1880-1891). Retornou a Genebra, onde lecionou na Universidade até 1913, quando faleceu.

Em vida publicou duas obras: Memória sobre o sistema primitivo das vogais nas línguas indo-europeias e sua tese de doutorado sobre o genitivo absoluto em sânscrito (1878 e 1881, respectivamente).

Uma série de artigos e notas foi reunida e publicada após sua morte, com o título Recolha das publicações científicas de Ferdinand de Saussure (1922). O Curso de linguistica geral foi redigido por Bally e Schelaye sobre anotações de aulas (1916).

Sua doutrina logo se popularizou. É abastecida pelo sociologismo de Dürkheim e pela psicologia coletiva de Tarde, assim como pela economia política. A doutrina repousa sobre uma série de distinções a que se chamou “mania dicotômica”. Saussure assume essa mania, dizendo: “a linguagem é redutível a 5 ou 6 dualidades ou par de coisas”. 

            1a  - dualidade _ a semiologia frente a todas a outras ciências sociais, sendo a sociologia uma instituição social, um sistema de signos;
            2a  -- semiologia e linguagem (uma inclui a outra);     
            3a  “linguagem” frente a cada uma das línguas humanas;
            4a  -langue e parole (a linguística se ocupa da langue);
            5a   sintagma e paradigma (relação em presença versus relação em ausência);
            6a  - sincronia e diacronia;
            7a – significado e significante (o signo linguístico é arbitrário, linear, discreto). 

As unidades que constituem o sistema só funcionam por aquilo que os distinguem umas das outras.

Saussure foi o precursor da fonologia de Praga (imagem acústica arbitrária em relação ao significado).

Na época, o Cours foi subestimado. As resenhas eram negativas. Ressente-se de uma linguistica da parole. Comenta-se que os compiladores, anotando o que era falado, colocavam suas próprias ideias. A fidelidade é discutível. Os compiladores o ressalvam. Há casos de “censura”, em expressões não muito acadêmicas, ou que poderiam levantar problemas políticos ao falar de outras nações.

Saussure diz também serem as mudanças na langue provenientes de mudança na parole, embora um indivíduo não possa modificar a língua. Langue é forma, não substância. Uma linguistica da parole arrisca-se a ser toda sorte de coisas: psicologia, estilística, fonética etc.

Sobre a oposição sincronia/diacronia, o próprio Saussure diz serem difíceis de separar metodologicamente. O Cours, bem lido, basta para colocar corretamente esse problema. Engler lança edição crítica e também Tulio de Mano. 1972). Os filósofos estóicos já faziam oposição entre forma e sentido (o que é Significado? Imagem acústica? Referencial?) Para demonstrar o caráter estrutural da linguagem, criou a metáfora do tabuleiro de xadrez: a mudança em uma peça modifica a situação de muitas outras. Seus compiladores afirmam estar Saussure contido no que Saussure disse, como o carvalho está contido na bolota.

Após a morte de Saussure, seus discípulos esperavam encontrar em seus manuscritos a imagem fiel de suas geniais lições. Qual o quê! O mestre destruía os rascunhos que escrevia, as gavetas de sua escrivaninha estavam quase vazias. O jeito foi reunir as anotações minuciosas de seus alunos, compará-las e recriar cuidadosamente o pensamento do pioneiro da linguistica.

O resultado deste trabalho foi a publicação do "Curso de Linguistica Geral".

Filho de uma família abastada, Ferdinand de Saussure estudou desde cedo inglês, grego, alemão, francês e sânscrito. Com o objetivo de continuar a tradição científica de sua família, em 1875, estudou física e química na Universidade de Genebra. Em 1877, aos 21 anos, Ferdinand de Saussure publicou o livro "Memória sobre as Vogais Indo-Europeias".

Três anos depois o estudioso defendeu sua tese de doutorado, "Sobre o Emprego do Genitivo Absoluto em Sânscrito". Em 1881, Ferdinand de Saussure assumiu a cátedra de linguistica comparada na Escola de Altos Estudos de Paris. Em 1886 tornou-se membro da Sociedade Linguistica de Paris e no ano seguinte foi para Leipzig, na Alemanha, completar seus estudos.

Transferiu-se em 1891 para a Universidade de Genebra, lecionando linguistica indo-europeia e sânscrito até 1906, quando passou a professor titular de linguistica.

Saussure foi professor na Universidade de Genebra até sua morte, aos 55 anos.

Seus discípulos Charles Bally e Albert Sechehaye organizaram as anotações dos alunos de Saussure realizadas durante seus cursos universitários. Em 1915 foi publicado o já mencionado "Curso de Linguistica Geral", considerado a obra fundadora da linguistica moderna. 


LEONARD BLOOMFIELD
1887-1947

Nasceu em Chicago, em 1887. Lecionou alemão, linguistica e gramática comparada em diversas universidades americanas. Morreu em 1947. Em 1924-1925, convocou a sociedade americana de linguistica, ato que separou os professores de linguistica dos professores de língua. Participou com seus discípulos do programa de preparação linguistica para os combatentes no Pacífico em 1941.

Redigiu manuais de holandês, de russo e de alemão, assim como um manual de alfabetização, em 1940. Era tão eficiente na teoria como na prática. Foi sanscritista, bebeu nas fontes de Pânini. Publicou estudos sobre línguas malaio-polinésias e considerava, como outros linguistas americanos, as línguas ameríndias. Falou da reconstituição de uma proto-língua, num domínio sem tradição escrita.

Na linguistica geral, escreveu um só livro: Language. Sua 1a  edição foi em 1914, após estada na Alemanha. Em 1933, sai uma versão atualizada, com mudança de perspectiva. O 1o  texto quase não é mais lido.

À acusação de anti-mentalista, respondeu: “O linguista se ocupa unicamente de sinais linguisticos. Ele não é competente para se ocupar de problemas de fisiologia ou de neurologia” (Language, 1935, p. 35).

Ele rechaça os postulados segundo os quais, anteriormente à emissão dos sinais linguisticos, produz-se no locutor um processo não físico, um pensamento, um conceito, uma imagem, um ato de vontade etc. “Uma (tal) terminologia ... de um lado não se faz nenhum bem, de outro lado faz muito mal em linguistica” (op. cit., p. 27).

Trata-se, para ele, de descrever a comunicação linguística a partir de seus observáveis, como o faria “um observador vindo de outro planeta” (p. 29). “A única evidência desses processos mentais é o processo linguistico: eles não acrescentam nada a discussão, só servem para obscurecê-la” (p. 22).

A negação de Bloomfield à psicologia é uma questão metodológica. Seu behaviourismo, necessário na sua época, são uma higiene científica. O trabalho interdisciplinar só pode ser produtivo se cada disciplina empresta à outra seus dados concretos, não seus pontos frágeis. Ao lado dessa posição fácil de defender, Bloomfield lança, às vezes, fórmulas mecanicistas, compreensivelmente provocantes na época. Mas sua teoria não é simplista, como fazem parecer alguns de seus seguidores.

Quanto ao fonema, há intercompreensão entre Bloomfield e os de Praga. Bloomfield isola os fonemas por comutação, os opõe por traços distintivos, mas prefere definí-los por sua distribuição na cadeia. No plano das unidades significativas, Bloomfield aplica a comutação, para destacar o que ele chama morfemas ou alomorfes. Sua sintaxe é original na medida em que ele tenta inventariar algumas possibilidades universais de construir o sentido de uma frase a partir de seus morfemas:
1o  - por modulação _ Você vem ( ? ) ( ! )
2o  - por alternância fonética _ goose/geese; sing/sang
3o - por ordenação _ O capitão não sabe que perigo o soldado espera / espera o soldado.
4o- por seleção _ enunciados semelhantes, com mesma modulação, ao mesmo destinatário têm sentidos diferentes: Man! Jump! ( vocativo/comando ).

Em semântica, faz observações muito justas como: “para dar uma definição cientificamente exata de cada forma da língua, precisaríamos possuir um saber cientificamente exato de tudo que forma o universo do locutor” (p. 132). Novamente, seus seguidores petrificaram suas ideias, dizendo ser a descrição semântica impossível em linguistica. Sua definição de forma linguistica é famosa: “é a situação na qual o locutor a enuncia e a resposta que ela provoca da parte do ouvinte”. (p. 132). Essa é a maneira de a criança aprender a falar. “O estudo dos sons do discurso sem consideração de suas significações é uma abstração” (p. 132). Essa frase devolve os direitos à semântica.

Na conclusão de Language, Bloomfield trata do purismo gramatical, com uma severidade fundada no arraigamento deste na discriminação sociológica; do ensino da gramática na escola; da ortografia inglesa e de seu custo intelectual desastroso; do ensino de línguas vivas; de estenografias; da possibilidade de uma língua universal.

À pesquisa fundamental soma a linguística aplicada, se não for precedida de estudos linguisticos dos problemas. Bloomfield, com Boas e Sapir, formaram vários linguistas americanos. Na Europa teve menos êxito. No período bloomfieldiano, a linguistica se afirmou como disciplina autônoma.

Bloomfield centrou sua atenção na descrição formal por meio de operações e conceitos suscetíveis de descrição objetiva. (morfema ou alomorfe zero? ) A partir de Bloomfield, admitiu-se a existência do fonema suprassegmental (duração, intensidade e altura). A entonação foi tratada como um fonema que recai sobre diversas sílabas, sendo a linha melódica da frase constituída de uma série de fonemas de diferentes alturas. Bloomfield seguiu os passos dos neogramáticos quando declarou que os motivos que determinam a mudança sonora são desconhecidos. 


EDWARD SAPIR
1884-1939
“Quando esta representação simbólica do pensamento, que é a linguagem toma uma forma mais finamente expressiva que de costume, nós a chamamos literatura”.


Nasceu em Lauemburg, Alemanha. Estudou em Nova Iorque e em Columbia. Dirigiu o Departamento de Antropologia do Museu de Otawa. Foi discípulo de Franz Boas. Estudou línguas ameríndias.

Lecionou antropologia e linguística na Universidade de Chicago e de Yale. Celebrava Croce, por estranho que pareça. Conhecia música, era leitor de Freud e de Jung. Fora seus estudos de línguas ameríndias, foi conhecido como autor de uma só obra: Language. ( N. Iorque, 1921 ).

Surgiu na época em que a linguistica atingia sua independência e formou muitos discípulos. Sapir chegou a noção da existência dos fonemas, independentemente de Saussure. Acentua a diferença entre o que o locutor enuncia e o que crê enunciar (fonética e fonologia), as variantes livres e combinatórias e os traços pertinentes e não pertinentes a cada fonema.

Em Language, dá o papel principal à forma, mas define forma em relação às estruturas gramaticais.: ordem das palavras, afixação, composição, alternância vocálica ou consonantal, reduplicação, acento tônico. Ele está consciente da relação entre forma e função entre as quais quase nunca há correspondência unívoca. “O sistema (das formas) é uma coisa e a utilização do sistema (a função) é outra”. (Language, p.59 ) Para Sapir, a função preside a forma e a precede.
Função – ter alguma coisa a dizer.
Forma – maneira de o dizer.

A linguistica é o estudo da forma, que pode e deve ser estudada enquanto sistema, fazendo abstração das funções que a ele se prendem. Vê-se aí influência do positivismo e do pragmatismo reinantes na época.

Mas há também influência de Humboldt, através de Boas, mestre de Sapir, no que se refere a innere Sprachform (sistema interior ideal). Sapir fala em “tendência inerente”, “plano determinado”, “forma determinada” (Language, p. 60,61).

Sapir marcou sua época no domínio da tipologia, isto é, na classificação das línguas, independente do critério genético e geográfico, em contraste com a gramática comparada indo-europeia ou semítica.

Sua classificação é bem complexa e é esse seu mérito (línguas isolantes, fracamente sintéticas, sintéticas, polissintéticas etc ). Elaborou também uma explicação geral da evolução das línguas mais soft. Fala em “deriva linguistica”.

Em mais um ponto, Sapir foi notável: quando fala que toda língua revela uma análise do mundo exterior que lhe é específico, impõe ao falante uma maneira de ver e interpretar esse mundo, é um prisma, através do qual ele está limitado a ver o que vê. Essa tese já aparece em Whorf e em Humboldt, levada à América por Boas, que insiste na necessidade de relacionar língua e cultura.

Para Sapir, a linguagem é um guia da “realidade social”. O mundo real é em grande parte fundado sobre os hábitos linguisticos do grupo. Cada comunidade vive num mundo distinto e não no mesmo mundo com etiquetas distintas (nada a ver com raça). Sapir mostra também a dificuldade de o indivíduo expressar sua experiência, sua vivência ao grupo. Aqui entrará a linguagem poética ou literária. “Quando esta representação simbólica do pensamento, que é a linguagem toma uma forma mais finamente expressiva que de costume, nós a chamamos literatura”. (Language, p. 216).

Foi grande a influência de Sapir na língua norte-americana, com poucos pontos de contato com Bloomfield. Conheceram-se, respeitaram-se, mas não eram amigos nem colaboradores. 


ROMAN JAKOBSON
1896

Nasceu em Moscou, em 1896. Estudou línguas orientais em Moscou. Fundou o Círculo Linguistico de Moscou, que se atribuía, entre outras, como tarefa, a Poética, a Análise do Verso. Isso põe Jakobson em contato com grandes poetas russos e lança as bases do que se chamou o formalismo russo.

Jakobson deixou a Rússia em 1920, mesmo ano que Trubetzkoy, quando começaram longa correspondência. Jakobson foi conselheiro cultural em Praga, onde apresentou sua Tese de Doutorado, em 1930.

Participou do Círculo Linguistico de Praga, do Congresso Internacional de Linguistica e de Fonética. Em 1939, refugiou-se na Escandinávia por ser israelita. Daí passou aos EEUU, em 1941.

Lecionou em Nova Iorque, onde fundou também um Círculo Linguistico. Lecionou em outras universidades americanas.

Sua obra é vasta e multiforme; até 1939, quase só tratou de literatura e poesia. A parte mais importante de sua obra é a que trata de fonologia: considera a linguagem infantil, a afasia, as afinidades fonológicas entre as línguas.

Não produziu nenhuma obra teórica volumosa que apresentasse toda sua doutrina. É brilhante nos colóquios e congressos, nas colocações provisórias, sempre nas fronteiras da antropologia e da patologia da linguagem, da estilística e do folclore. É o homem das colaborações. Em suas primeiras obras de fonologia, parte do verso eslavo ( tcheco ou russo ) para chegar ao conceito de fonema. Já nos EEUU, com Fant e Halle, libera outras tendências.

Sonha, com Einstein, em dar ao mundo uma “relatividade linguistica”. Reduz as oposições fonológicas a 12: vogais/não vogais, consoante/não consoante, nasal/oral etc. Às objeções, responde dizendo ser uma cômoda tabela de trabalho.

Foi pioneiro em fonologia diacrônica, já que Saussure, aparentemente ao menos, renuncia a aplicar a noção de sistema à diacronia. Para Jakobson, as mudanças linguisticas visam, muitas vezes, o sistema, sua estabilização, sua reconstrução. Assim, o estudo diacrônico não exclui as noções de sistema e função. No estudo da afasia, lançou a teoria de que há duas formas: a perda do poder de seleção (confusão paradigmática). Essa classificação, simples demais, não preenche o hiato entre as diversas formas de afasia. Jakobson é famoso pelas seis funções que apontou para a linguagem:
1.                              Referencial
2.                              Emotiva
3.                              Conativa
4.                              Poética
5.                              Fática
6.                              Metalinguistica

Não esgota o problema da totalidade de usos da língua. Jakobson o sabe e diz que as seis funções mascaram a função de comunicação, que é a única da língua. O que se chamam funções são os usos particulares da língua que podem estar mais ou menos presentes em cada comunicação.

No campo da morfologia procurou no estudo do sistema dos casos em russo, descobrir um valor semântico para cada caso, assim como para as categorias gramaticais.

Em fonologia mostrou serem as variações de cada fonema condicionadas pelo ambiente fônico em que ocorrem e não isoladamente, como dizem os neogramáticos. Estabeleceu ser o fonema um feixe de traços distintivos (com o Círculo Linguístico de Praga).

A estilística ou a poética são uma das suas preocupações mais profundas. Devemos situá-la no Formalismo Russo, que considera desde as recorrências fônicas até os gêneros literários. “A palavra se basta a si mesma, é o único grande herói da literatura”. (1920) Este movimento só se compreende em relação à postura anterior da crítica literária russa, que era cívica.

Celebrava os romances de Dumas que mostravam as torpezas da vida nas cortes. Jakobson teoriza em 1960: “a função poética projeta o princípio da prevalência do eixo da seleção sobre o eixo da combinação”. A função poética constrói uma cadeia de sons, formas, sentidos que geralmente não estão associados ao sistema.

A poesia na Rússia esteve, até pouco tempo, ligada às formas fixas. Por ser um povo analfabeto, a transmissão oral era o canal de circulação poética. Apesar de seus conhecimentos antropológicos, nunca se deteve na gênese da poesia, originalmente a via de conservação e de transmissão oral de todo saber.

Sua teoria da função poética explica melhor um slogan (I like Ike) que um poema de Baudelaire. Jakobson tinha ainda a tendência de reduzir os problemas a oposição de dois termos, sacrificando a complexidade dos fatos. Mesmo em literatura ele reduz todo discurso a dois procedimentos: metáfora e metonímia (similaridade e contiguidade). Foi mais sincrético que sintético, mais explorador que verificador.

Quando as tropas de Hitler invadiram a Checoslováquia, Jakobson se exilou na Escandinávia, onde lecionou em várias universidades e publicou seu livro fundamental Kindersprache, Aphasie und Allgemeine Lautgesetze (1941).

Nesse mesmo ano, transferiu-se para os Estados Unidos e ali reside até hoje.

Tem ensinado em universidades norte-americanas — Colúmbia, Harvard, Instituto de Tecnologia de Massachusetts e participado das atividades do Círculo Linguistico de Nova Iorque e da Sociedade Linguistica dos Estados Unidos, da qual foi eleito presidente em 1956.

Nos Estados Unidos escreveu ensaios da maior importância (inclusive os textos reunidos na presente coletânea), o volume Preliminaries to Speech Analysis (em colaboração com Fant e Halle, 1925), e estudos sobre mitologia, folclore, filologia e poética eslavas; ali teve ocasião de, na Escola Livre de Altos Estudos, de Nova Iorque, trabalhar em íntima colaboração com o antropólogo Lévi-Strauss, cujas ideias no campo de Antropologia estrutural têm inegáveis ligações com o estruturalismo linguistico de Jakobson.
<><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><> </><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><> </><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><> </><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><> </><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><> </> <><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><> </>
A maior parte da extensa obra de Roman Jakobson está dispersa por revistas especializadas de vários países e por volumes de elaboração coletiva.

* Atualmente, acham-se em curso de publicação, pela Editora Mouton & amp; Cia. de Haia, as suas Obras Escolhidas, que estão sendo editadas em russo, alemão, francês e inglês e que deverão abranger sete ou oito volumes. Com exceção do ensaio "Em Busca da Essência da Linguagem", os demais textos aqui coligidos foram publicados em francês num volume intitulado Essais de Linguistique Générale (Paris, Les Éditions)


Franz Bopp
(1791- 1867)


Filólogo alemão nascido em Mainz, que demonstrou a importância do sânscrito para as línguas indo-europeias e é considerado o fundador da linguistica comparativa.

Seu talento apareceu inicialmente em Über das Conjugationssystem der Sanskritsprache (1816), quando estava em Paris (1812-1816) dedicando-se ao estudo das línguas orientais, onde pioneiramente procurou traçar a origem comum do sânscrito, persa, grego, latim e alemão.

Professor de literatura oriental e de filologia geral na Universidade de Berlim (1821-1867), publicou uma gramática do sânscrito (1827). Esse livro sobre o sistema de conjugação do sânscrito abriu novas perspectivas linguisticas. Logo concentrou sua atenção no sânscrito e publicou um glossário de sânscrito e latim (1830) tornando-se, assim, um filólogo do Sânscrito. Esse pequeno livro continha um estudo comparado dos verbos e uma série de traduções do Sânscrito.

Morreu em Berlim, então na Prússia, e sua grande obra foi Vergleichende Grammatik des Sanskrit, Zend, Griechischen, Lateinischen, Litthauischen, Altslawischen, Gotischen und Deutschen (1833-1852), onde, após investigar a origem das formas gramaticais dessas línguas, descreveu a estrutura gramatical original e definiu suas leis fonéticas. Também produziu estudos de vários grupos de línguas europeias e ensaios sobre a relação entre as línguas malaio-polinésias e as indo-europeias (1840) e sobre o sistema de acentuação em sânscrito e grego (1854). 

OBS.: O Sânscrito era uma língua indo-europeia do ramo indo-ariano na qual foram escritos os quatro Vedas ( ~1200-900 a.C.), e que, entre os séculos VI a.C. e XI d.C., se tornou a língua da literatura e da ciência hindus, e mantida, ainda hoje, por razões culturais, como língua constitucional da Índia. Foi descrita e codificada pelo gramático e filólogo latino Panini ( ~ 520-460 a.C. ) no século V a. C. A descoberta de semelhanças entre o sânscrito, o latim e o grego foi responsável pelos avanços da filologia no Ocidente em fins do século XVIII. 


Umberto Eco
1932
“Nem todas as verdades são para todos os ouvidos.”

O escritor, filósofo e linguista italiano Umberto Eco nasceu no dia cinco de janeiro de 1932, na cidade de Alessandria, em Piemonte, na Itália. Famoso mundialmente por seus escritos sobre semiótica, estética medieval, comunicação de massa, linguistica e filosofia, ele também trilhou uma concreta trajetória como mestre de Semiótica na Universidade de Bolonha, além de dirigir a Escola Superior de Ciências Humanas nesta mesma instituição. 

Ele atuou como colaborador, ao longo de sua carreira, em várias publicações acadêmicas, assina uma coluna semanal no L’Espresso e escreve para La Repubblica. Na literatura ele iniciou em 1980, já com uma obra que o consagrou, O Nome da Rosa. Seguiram-se a este lançamento O Pêndulo de Foucault (1988), A Ilha do Dia Anterior (1994) e Baudolino (2000). 

Seu caminho filosófico teve impulso com a ajuda de Luigi Pareyson, na Itália. Ele se concentrou nos estudos sobre a estética do período medieval, principalmente aos trabalhos de Santo Tomás de Aquino, e defendia ardorosamente a dedicação deste membro da Igreja Católica às questões do belo.

Nos anos 60, Eco se dedica às pesquisas em torno da arte poética atual e a diversidade de significados, que têm como fruto a edição do livro de ensaios Obra Aberta (1962). Outros textos ensaísticos deste autor vêm à luz: Apocalípticos e Integrados (1964) – sobre a cultura massificada - A Estrutura Ausente (1968), As Formas do Conteúdo (1971), Tratado Geral de Semiótica (1975), Seis Passeios pelos Bosques da Ficção (1994) e Sobre a Literatura (2003). 

Nos anos 70, Umberto Eco viu suas veredas acadêmicas serem cruzadas pela expressão ‘Semiótica’, descoberta no filósofo John Locke, aderindo assim à concepção anglo-saxônica desta disciplina, deixando de lado a visão semiológica adotada por Saussure. Ele busca também sua visão renovada da semiótica nos conceitos de Kant e Peirce, o que se pode verificar nas obras As Formas do Conteúdo (1971) e Tratado Geral de Semiótica (1975). 

Deste viés teórico, Eco parte para a discussão sobre o esforço de interpretação textual por parte dos leitores, aprofundada em seus estudos Lector in fabula (1979) e Os limites da interpretação (1990). Nestas obras ele sustenta a visão de que as criações literárias necessitam imprescindivelmente da colaboração dos que as leem para serem compreendidas. 

Seus escritos jornalísticos estão agrupados em Diário Mínimo (1963), O Segundo Diário Mínimo (1990) e A Coruja de Minerva (2000). Seu grande sucesso, O Nome da Rosa, foi adaptado para o formato cinematográfico, em 1988, por Jean-Jacques Annaud, no qual o protagonista, Baskerville, foi vivido por Sean Connery. 

Pesquisa
ArtCulturalBrasil


Créditos da Internet


Leia mais


REALIZAÇÃO


RECOMENDAMOS






Nenhum comentário:

Postar um comentário