Simbolismo - Maria Granzoto


Página Maria Granzoto
Editora de Literatura artculturalbrasil
Arapongas - Paraná
PRELIMINARES

O Simbolismo é uma escola literária do fim do séc. XIX, surgida na França como reação ao Realismo e, sobretudo, ao Parnasianismo. Essa escola caracteriza-se por apresentar uma visão subjetiva, simbólica e espiritual do mundo. A primeira obra Simbolista é "As flores do Mal" de Charles Baudelaire, datada de 1857. No entanto, o termo Simbolismo foi usado pela primeira vez somente em 1886 por Jean Moréas, que divulgou um manifesto no qual afirmava que simbolismo era o único termo capaz de designar as tendências artísticas de época.
Antes de começar leia atentamente alguns significados da palavra símbolo:1. Aquilo que, por um princípio de analogia, representa ou substitui outra coisa;2. Aquilo que, por sua forma ou sua natureza evoca, representa ou substitui, num determinado contexto, algo abstrato ou ausente;3. Aquilo que tem valor evocativo, mágico ou místico;4. Objeto material que, por convenção arbitrária, representa ou designa uma realidade complexa; 5. Elemento descritivo ou narrativo suscetível de dupla interpretação, associada quer ao plano das idéias, quer ao plano real; 6. Elemento gráfico ou objeto que representa e/ou indica de forma convencional um elemento importante para o esclarecimento ou a realização de alguma coisa; sinal, signo; 7. Sinal que substitui o nome de uma coisa ou de uma ação; 8. Figura convencional elaborada expressamente para representar uma coisa; emblema, insígnia; 9. Pessoa ou personagem que representa determinado comportamento ou atividade; 10. Alegoria, comparação; metáfora.

A literatura simbolista é caracterizada por todos esses itens e mais alguns. Por isso, pode-se dizer que o Simbolismo, além de ser uma espécie de reação ao positivismo, ao racionalismo e ao cientificismo cultivado pelos Realistas/Naturalistas, busca um certo distanciamento do materialismo, intensificado a partir da Revolução Industrial e com o posterior surgimento do capitalismo. Por isso, assume um caráter contrário ao objetivismo Realista. Assim há a retomada alguns ideais Românticos como por exemplo o subjetivismo e o individualismo. No entanto, isso não significa que o Simbolismo é simplesmente uma reedição do movimento Romântico, ele é muito mais profundo que isso. O culto ao eu Simbolista não é ridiculamente sentimental como o Romântico, ele é a busca pelo que há de mais profundo e universal no ser humano, ou seja, a alma. Dessa forma a morte não é vista simplesmente como uma forma de evasão, ela passa a ser encarada como uma espécie libertação, ou seja, a alma só é livre quando as amarras que a prendem ao corpo se rompem.

Na tentativa de atingir os estados da alma os Simbolistas valorizam o sonho, a loucura, a fé, a religião, o misticismo, chegando a atingir camadas do inconsciente e do subconsciente. Assim, a realidade Simbolista expressa-se de maneira vaga e imprecisa, obrigando a linguagem a ser apresentada de forma indireta e figurada, repleta de sinestesias, aliterações e metáforas. Por isso, a linguagem Simbolista é muito sugestiva, ou seja, sugere conteúdos, sem, no entanto, descrevê-los ou narrá-los. Dessa forma, as palavras transcendem o seu significado proporcionando textos ambíguos.

Devido ao fato de o Simbolismo ter sido praticamente sufocado pela poesia Parnasiana, pois desenvolveu-se na região sul do país, que até então não fazia parte da elite cultural brasileira, achamos mais apropriado montar o Momento Histórico e a Cronologia Simbolista junto com o Pré-Modernismo.

Lembramos ainda que nessa época ainda houve algumas manifestações Realistas, Naturalistas e Parnasianas. Por isso, a consulta ao Movimento Realista torna-se indispensável.

O simbolismo inicia-se, no Brasil em 1893, com a publicação dos livros "Missal" e "Broquéis", ambos de autoria de Cruz e Souza e termina, definitivamente, em 1922 com a Semana da Arte Moderna. Ao contrário do que se possa imaginar, o início do Simbolismo não marca o término do Realismo/Naturalismo e do Parnasianismo no Brasil. Diferente do que do que aconteceu na França, onde o Simbolismo sobrepôs-se ao Realismo e ao Parnasianismo, no Brasil o Simbolismo foi quase inteiramente abafado por esses movimentos, que tiveram muito prestígio entre as camadas cultas do País. No ano de 1902, com a publicação de obra Canaã de Graça Aranha, tivemos também o início Pré-Modernismo. Dessa forma, nas primeiras décadas do século XX, essas três escolas literárias caminharam praticamente juntas e somente foram neutralizadas no ano de 1922 com a Semana de Arte Moderna. O Simbolismo no Brasil teve um caráter poético. A prosa praticamente não existiu, uma vez que, quando houve prosa, ela foi poesia em prosa e pode ser encontrada na obra de Cruz e Souza. Os principais autores dessa escola no País foram: Cruz e Souza, representante máximo da estética simbolista brasileira, Alphonsus de Guimaraens e Pedro Kilkerry. (Fontes: Mundo Cultural http://www.mundocultural.com.br e arquivos artculturalbrasil)



A partir de 1880, o Simbolismo surge não apenas como uma estética oposta à literatura (poesia, especificamente) objetiva, plástica e descritiva, mas como uma recusa a todos os valores ideológicos e existenciais da burguesia. Em vez da "belle époque" do capitalismo financeiro e industrial, do imperialismo que se adonava de boa parte do mundo, temos o marginalismo de Verlaine, o amoralismo de Rimbaud e a destruição da linguagem por Mallarmé.

O artista experimenta agora, à maneira dos românticos, um profundo mal-estar na cultura e na realidade. Mergulha então no irracional, fugindo ao mundo proposto pelo racionalismo burguês, e descobrindo neste mergulho um universo estranho de associações de idéias, lembranças sem um significado definido. Universo etéreo e brumoso, de sensações evanescentes que o poeta deve reproduzir através da palavra escrita, se é que existem palavras para exprimi-las. O Naturalismo e o Parnasianismo estão definitivamente mortos.O Simbolismo define-se assim pelo anti-intelectualismo. Propõe a poesia pura, não racionalizada, que use imagens e não conceitos. É uma poesia difícil, hermética, misteriosa, que destrói a poética tradicional.

Observação: Os primeiros indícios do movimento encontram-se em Baudelaire, cuja obra máxima, As Flores do Mal, antecipa certas perspectivas simbolistas. Em 1884, Verlaine publica sua Arte poética, onde os princípios da escola já são evidentes. Em 1886, Jean Moréas vale-se de um manifesto para elaborar teoricamente o Simbolismo. Diz Moréas:

“Inimiga do ensinamento, da declamação, da falsa sensibilidade, da descrição objetiva, a poesia simbolista procura vestir a Idéia de uma forma sensível”.

CARACTERÍSTICAS


SUBJETIVISMO
Os simbolistas retomam a subjetividade da arte romântica com outro sentido. Os românticos desvendavam apenas a primeira camada da vida interior, onde se localizavam vivências quase sempre de ordem sentimental. Os simbolistas vão mais longe, descendo até os limites do subconsciente e mesmo do inconsciente. Este fato explica o caráter ilógico ou o clima de delírio de grande parte de seus poemas.

2) O EFEITO DE SUGESTÃO

Abandona-se o descritivismo parnasiano em busca de uma revitalização do gênero lírico. São criadas novas imagens, novas metáforas e símbolos. Acentua-se o caráter obscuro de certas palavras e o emotivo de outras, tudo como repúdio à linguagem poética usual, carregada de lugares-comuns, clichês e frases-feitas que se repetiam de geração em geração. Trata-se de reinventar a linguagem, explorar suas possibilidades, recriá-la palavra após palavra, à procura de imagens originais e envolventes. A verdadeira poesia consiste em não-dizer, não-declarar, não designar as coisas pelos seus nomes triviais. A verdadeira poesia está em insinuar, dizer figuradamente, sugerir.

3) MUSICALIDADE

Na tentativa de sugerir infinitas sensações aos leitores, os simbolistas aproximam a poesia da música. Entendamos: não se trata de poesia com fundo musical, mas poesia com musicalidade em si mesma, através do manejo especial de ritmos da linguagem, esquisitas combinações de rimas, repetição intencional de certos fonemas, sujeição do sentido de um vocábulo a sua sonoridade, etc. Realiza-se assim a exigência de Verlaine: "A música antes de qualquer coisa”. 4) IRRACIONALISMO E MISTÉRIO No princípio, os simbolistas têm como projeto "revestir as idéias de uma forma sensível", isto é, traduzi-las para uma linguagem simbólica e musical. Pouco a pouco, este intelectualismo se converte numa aventura anti-intelectual, numa negativa à possibilidade de comunicação lógica entre os homens.

O SIMBOLISMO NO BRASIL
O Simbolismo no Brasil é um movimento que ocorre à margem do sistema cultural dominante. Seu próprio desdobramento aponta para províncias de escassa ressonância: Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. É como se o gosto dos poetas da escola por neve e névoas, outonos e longos crepúsculos exigisse regiões frias e nebulosas.
AUTORES SIMBOLISTAS


CRUZ E SOUSA (1861 - 1898)

João da Cruz e Souza nasceu em Desterro (hoje Florianópolis), filho de escravos libertos pelo marechal Guilherme de Souza, que adotou o menino negro e ofereceu-lhe a chance de estudar com os melhores professores de Santa Catarina. Foi seu mestre, inclusive, o sábio alemão Fritz Müller, correspondente de Darwin. Apesar da morte de seu protetor, conseguiu terminar o nível intermediário e, com pouco mais de dezesseis anos, tornou-se professor particular e militante da imprensa local. Aos vinte anos, seguiu com uma companhia teatral por todo o Brasil, na condição de "ponto". Durante estas viagens entregou-se à conferências abolicionistas. Em 1883, foi nomeado promotor público em Laguna, no sul da província, mas uma rebelião racista na pequena cidade, impediu-o de assumir o cargo, embora esta história seja contestada por algumas fontes.

Voltou a viajar e a cada regresso sentia a ampliação do preconceito de cor. Mudou-se então, definitivamente para o Rio de Janeiro. Lá se casaria com uma moça negra (Gavita) e conseguiria modesto emprego de arquivista na Central do Brasil, já no ano de 1893. Às inúmeras dificuldades financeiras somavam-se o desprezo dos intelectuais da época, que viam nele apenas um "negro pernóstico", o período de loucura mansa vivido pela esposa, durante seis meses, e a tuberculose que atacou toda a sua família: ele, a mulher e os quatro filhos. Numa carta ao amigo e protetor, Nestor Vítor, deixou registrado seu infortúnio:

"Há quinze dias tenho uma febre doida... Mas o pior, meu velho, é que estou numa indigência horrível, sem vintém para remédios, para leite, para nada! Minha mulher diz que sou um fantasma que anda pela casa!"

Este mesmo amigo providenciou uma viagem do poeta à região serrana de Minas Gerais, em busca de paliativo para a doença. Mal chegando lá, Cruz e Sousa piorou e faleceu na mais absoluta solidão. Três anos após - já tendo enterrado dois filhos - Gavina também desapareceria por causa da tuberculose. O terceiro filho morreria em seguida. O último, vitimado pela mesma moléstia, desapareceria em 1915. A família estava extinta numa terrível tragédia humana.

OBRAS PRINCIPAIS

Broquéis (1893) - Missal (1893) - Evocações (1899) - Faróis (1900) Últimos sonetos (1905)

A obra de Cruz e Sousa opera uma tentativa de síntese entre formas de expressão prestigiadas na Europa e o drama espiritual de um homem atormentado social e filosoficamente. O resultado passa, às vezes, por poemas obscuros e verborrágicos. O primeiro aspecto que percebemos em sua poética é a linguagem renovadora. No entanto, a poética de Cruz e Sousa vai mais além. A junção da linguagem estranha com três ou quatro temas recorrentes e profundos é que lhe garantiu o lugar privilegiado em nossa literatura. A rigor, os seus assuntos são limitados:

• A obsessão pela cor branca • O erotismo e sua sublimação • O sofrimento da condição negra • A espiritualização

O poeta negro catarinense Cruz e Sousa escreve a sua profissão de fé no Simbolismo ao redigir o poema “Antífona” que é um velho vocábulo usado na liturgia (cerimonial) católica. Antífona é o nome da primeira oração rezada pelo padre na missa e significa preparação; aliás, o vocabulário litúrgico, bíblico e esotérico permeia, de modo geral, os poemas simbolistas.

As estrofes seguintes pertencem ao poema Antífona, "composto, visivelmente, após todos os outros poemas de Broquéis para servir de intróito ao livro, esta "Antífona" testemunha o virtuosismo extremo de colorista e sinfonista que o cantor singular, partindo da perfeição plástica do parnaso, batia atingido na procura de ritmos, sonoridades e sentidos diferentes a que o impeliam, a um só tempo, sua alma antiga de negro puro, e seu temperamento de bárbaro magicamente transportado de uma hora nova de refinada estesia e, principalmente, o fascínio das grandes realizações simbolistas do velho mundo. Broquéis, todo inteiro, não obstante sua substância de inspiração verdadeira, é um longo, largo, doloroso combate do poeta com o seu tremendo anseio de expressão virginal." - (Nossos Clássicos ed. Agir 1982)

Ó Formas alvas, brancas, Formas claras
De luares, de neves, de neblinas! ...
Ó Formas vagas, fluidas, cristalinas ...
Incensos dos turíbulos das aras ...

O poeta defende um texto cuja forma expresse brancuras, vaguidade, volatidade e misticismo.

Formas do Amor, constelarmente puras,
De Virgens e de Santas vaporosas ...
Brilhos errantes, mádidas frescuras
E dolências de lírios e de rosas ...

O poema deve ter metáforas singulares, emprego de letras maiúsculas no meio do verso para valorizar o vocábulo.
Indefiníveis músicas supremas,
harmonias da Cor e do Perfume ...
Horas do Ocaso, trêmulas, extremas,
Réquiem do Sol que a Dor da Luz resume ...

Não existe poesia simbolista sem musicalidade e sinestesia (vocábulos que tenha sentido de cor, de cheiro, de gosto, enfim, de sensações).

Visões, salmos e cânticos serenos,
Surdinas de órgãos flébeis, soluçantes ...
Dormências de volúpicos venenos
Sutis e suaves, mórbidos, radiantes ...
Novamente o vocabulário litúrgico, a música e a sinestesia. Dormência é o estado simbolista: nem acordado nem dormindo, mas dormente.

Infinitos espíritos dispersos,
Inefáveis, edênicos, aéreos,
Fecundai o Mistério destes versos
Com a chama ideal de todos os mistérios.
Do Sonho as mais azuis diafaneidades
Que fuljam, que na Estrofe se levantem
E as emoções, todas as castidades
Da alma do Verso, pelos versos cantem.
Que o pólen de ouro dos mais finos astros
Fecunde e inflame a rima clara e ardente...
Que brilhe a correção dos alabastros
Sonoramente, luminosamente.
Os dois advérbios do último verso desta estrofe - sonoramente, luminosamente - enunciam a dupla procura: da música e da cor, e denotam uma incansável busca das formas concretas existentes no abstrato de nossa existência terrena.
Forças originais, essência, graça
De carnes de mulher, delicadezas...
Todo esse eflúvio que por ondas passa
Do Éter nas róseas e áureas correntezas...
Cristais diluídos de clarões álacres,
Desejos, vibrações, ânsias, alentos,
Fulvas vitórias, triunfamentos acres,
Oa mais estranhos estremecimentos...
Flores negras do tédio e flores vagas
De amores vãos, tantálicos, doentios...
Fundas vermelhidões de velhas chagas
Em sangue, abertas, escorrendo em rios...

Espiritualidade, mistério, diafaneidade, alegoria de cores, e a graduação dos níveis de intensidade dos sons, sugerem um ponto de semelhança entre coisas diferentes, como presença constante nos poemas.

Tudo! vivo e nervoso e quente e forte,
Nos turbilhões quiméricos do Sonho,
Passe, cantando, ante o perfil medonho
E o tropel cabalístico da Morte ...

De novo a sinestesia. Agora a presença do sonho e a referência ao misticismo da Cabala, que é uma ciência esotérica da Idade Média.

O poema Antífona é longo e a reprodução dos seus versos visa evidenciar as principais características do Simbolismo que são, genericamente, apresentadas a seguir.

Forma

Não se descreve um objeto; sugere-se a existência dele.

Emprego de letras maiúsculas no verso para valorizar o vocabulário.

Uso de um vocabulário bíblico, litúrgico, esotérico e arcaico no sentido de revitaliza-lo.

Musicalidade: não se trata de poema com fundo musical, mas poema com musicalidade em si mesmo no manejo de cadências, de ritmos, de combinações de sons, de repetição de fonemas para os quais se usavam técnicas de composição como a aliteração e a assonância.

A imprecisão no sentido de certos vocábulos para caracterizar o mistério e o indizível.

Como se pode notar nos versos de Antífona, Cruz e Sousa dá bastante importância às frases nominais, isto é, às frases em que não existem verbos.

Embora tenham dado importância ao verso livre, os simbolistas ainda estavam presos a poemas bem elaborados formalmente, como os parnasianos.

Conteúdo

Religiosidade, misticismo, espiritualismo, esoterismo.
Expressão de estados de alma profundos e complexos.
Sonho; não o sonho sentimental dos românticos, mas os sonhos mais escondidos do ser humano.

Presença do inconsciente e do subconsciente

O Simbolismo nasceu quando escritores passaram a considerar que o Positivismo de Augusto Comte e o demasiado uso da ciência e o ateísmo (procedimentos do Realismo) não conseguiam expressar completamente o que acontecia com o homem e a natureza. Esses escritores negavam a realidade como a explicação de tudo e voltaram-se para o misticismo e a espiritualidade a fim de tentar ver o ser humano de outra perspectiva.

A França foi o berço do Simbolismo que se manifestou no satanismo e no “spleen” de “As Flores do Mal” do poeta Charles Baudelaire; no mistério e na destruição da linguagem linear de “Um lance de Dados” e de “Tardes de um Fauno” (poemas dificílimos de serem entendidos), de Stéphane Mallarmé; no marginalismo de “Outrora e Agora”, de Paul Verlaine e ainda no amoralismo de “Uma temporada no Inferno”, de Jean Nicolas Rimbaud.

No Brasil, o Simbolismo foi uma literatura de província na medida em que esse estilo literário apareceu nos poemas de jovens poetas do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina, do Paraná e de Minas Gerais. O poeta parnasiano Olavo Bilac, decano da poesia brasileira do século XIX, ao ler a primeiras produções simbolistas publicadas na capital da República, apelidou os poetas provincianos de “nefelibatas” (quem vive nas nuvens), querendo dizer, certamente, que os simbolistas eram poetas que viviam fora da realidade. Ora, na Europa, o Simbolismo se sobrepôs ao Parnasianismo mas, no Brasil, ocorreu o contrário, tornando-se um movimento marginal, sem acesso a jornais e revistas, veículos que eram dominados pelos parnasianos. Por isso, o Simbolismo não teve a repercussão devida junto ao público e à crítica da época.

Missal (poemas em prosa) e Broquéis (poesia), de Cruz e Sousa, publicados em 1893, foram as obras iniciais do Simbolismo no Brasil.

ALPHONSUS DE GUIMARAENS (1870-1921)

Nasceu em Ouro Preto, filho de um comerciante português e de uma sobrinha do escritor romântico, Bernardo Guimarães. Fez seus estudos preliminares na cidade natal e depois cursou Direito em São Paulo. Nutre intensa paixão platônica pela filha do autor de A escrava Isaura, Constança, que morreria de tuberculose antes dos dezoito anos e, para quem escreveria muitos de seus versos. Retornou para Minas Gerais, exercendo a função de juiz em Conceição do Serro e, mais tarde, em Mariana. Casou-se com uma jovem de dezessete anos, Zenaide, com quem teve quatorze filhos e com quem encaramujou-se na vida privada, ao ponto de morrer praticamente na obscuridade, às vésperas da Semana de Arte Moderna.

OBRAS PRINCIPAIS:

Setenário das dores de Nossa Senhora (1899), Dona mística (1889), Câmara ardente (1899), Kyriale (1902).

Sua poesia gira em torno de poucos assuntos:

• a morte da amada

• a religiosidade litúrgica

OUTROS SIMBOLISTAS


No Rio Grande do Sul, o principal simbolista foi Eduardo Guimarães (A divina quimera, 1916). No Paraná, destacou-se Emiliano Perneta (Ilusão, 1911). Na Bahia, surgiu a poética estranha de Pedro Kilkerry. Verdade que estes escritores ficam em segundo plano, diante da figura esplêndida de Cruz e Sousa, mas contribuem para a expansão de uma onda simbolista.


PEDRO KILKERRY (1885-1917)

Nasceu em Santo Antônio (Bahia). Estudou em Salvador, onde se formou em Direito. Ao morrer, com apenas trinta e dois anos, não tinha ainda livro publicado, fato que persiste até hoje.

Redescoberto pela vanguarda concretista, Pedro Kilkerry é mais um desses casos estranhos que povoam a história literária. Criador isolado de uma poética fragmentária, feita de aliterações, onomatopéias e neologismos, levou a extremos as possibilidades de expressão abertas pelos simbolistas, aproximando-se do experimentalismo de alguns poetas modernistas.
Fontes


1. "A renovação parnasiana na poesia", in: Afrânio Coutinho (dir.): A literatura no Brasil (Rio de Janeiro: Sul-Americana, 3ª edição, vol.3, p. 83).2. Idem, ibidem.3. Sânzio de Azevedo, ob. cit., p. 70.4. Raimundo Correia, Poesias (Rio de Janeiro: Livraria São José, 6ª edição, 1958, p. 98). 5. Sânzio de Azevedo mostra que a obra de Alberto de Oliveira "não se pode resumir ao 'Vaso grego'" (p. 41)..6. Pequena bibliografia crítica da literatura brasileira. Rio de Janeiro: Letras & Artes, 3ª edição, 1964, p. 235.7. Mário da Silva Brito: História do Modernismo brasileiro – Antecedentes da Semana de Arte Moderna (Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2ª edição, revista, 1964, p. 252-309).
Sugestões para
Realização

Lineu Roberto de Moura
Presidente

Robles Celmo de Carvalho
Administrador Geral


Poesia Portuguesa

4 comentários:

  1. amo os seus poemas e vida... e paz.... e amor... muito obrigada por eu fazer parte desta linda amizade on-line
    beijos com muita paz em D'us ♥

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  2. Anônimo18:06

    Muito bom, amiga!
    Gosto muito dos simbolistas.Cruz e Sousa é certamente um de nossos maiores poetas. Sem
    esquecer o melancólico Alphonsus.
    Ainda outro dia vi um artigo a respeito
    do túmulo meio abandonado dele.
    Enio Toniolo

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  3. FANZINE EPISÓDIO CULTURAL


    O Fanzine Episódio Cultural é uma publicação bimestral sem fins lucrativos distribuído gratuitamente em várias instituições culturais. De acordo com o editor e poeta mineiro Carlos Roberto de Souza (Agamenon Troyan), “o objetivo é oferecer um espaço gratuito para que escritores, poetas, atores, dramaturgos, artistas plásticos, músicos, jornalistas... possam divulgar a sua arte”.

    Sobre o editor:

    1964: Nasce em Machado-MG
    1966: Muda-se para São Paulo/SP, onde surge sua paixão pelo Cinema.
    1995: Retorna para Machado, passando a pesquisar a trajetória do Cinema local.
    2005: Edita a Revista do Cinema Machadense (1911-2005)
    2006: Compõe três letras gravadas pela banda finlandesa “Força Macabra”
    2008: Lança o livro “O Anjo e a Tempestade” sob o pseudônimo Agamenon Troyan.
    2008: Edita o Fanzine Episódio Cultural
    2009: Edita o Jornal Ciclone
    2010: Novo membro da Academia Machadense de Letras

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    Livro “O Anjo e a Tempestade” e Fanzine Episódio Cultural
    http://www.youtube.com/watch?v=5gyGLdnpuvQ

    O FANZINE EPISÓDIO CULTURAL ENTREVISTOU NO DIA 24 DE ABRIL DE 2010, GISELE FERREIRA, DIRETORA DA GSC EVENTOS, QUE, JUNTAMENTE COM SUA EQUIPE, ORGANIZOU A V FEIRA NACIONAL DO LIVRO DE POÇOS DE CALDAS-MG.:

    http://www.youtube.com/watch?v=jIQ_LE6qCfU

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  4. Muito obrigado.... me ajudou muito no meu trabalho de escola (literatura brasileira).

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