Cruz e Sousa


Nossa Senhora do Desterro - Florianópolis - SC
1861 - 1898

"Que importa que morra o poeta?
Importa que não morra o poema!"


João da Cruz e Sousa nasceu em Nossa Senhora do Desterro, na antiga província de Santa Catarina, atual Florianópolis, a 24 de novembro de 1861. O nome João da Cruz é uma alusão ao Santo homenageado no dia de seu nascimento, San Juan de la Cruz.

Filho dos escravos Guilherme e Eva Carolina da Conceição, alforriados pelo Marechal-de-Campo Guilherme Xavier de Sousa, João da Cruz foi criado pelo Marechal e sua esposa Clarinda Fagundes de Sousa como o filho que não tinham. Recebeu boa educação secundaria. Mortos seus protetores, começou uma vida trespassada de sofrimentos.

Em 1871, entrou no Ateneu Provincial Catarinense. Já em 1877, aplicava aulas particulares por necessidade financeira e se destacava de seus companheiros de estudo pela capacidade intelectual. Conhecedor profundo de francês foi mencionado numa carta do professor alemão de História Natural, Fritz Muller. Nesta carta, em 1876, o naturalista citava João da Cruz como um exemplo contrário das teorias de inferioridade intelectual dos negros.

A amizade e convivência com Nestor Victor, cuja cultura lhe era repassada, foi-lhe absolutamente vantajosa no aprimoramento de sua poética. A grande admiração de Nestor pelo poeta e a constante convivência dessa amizade proporcionaram o amadurecimento do “Cisne Negro” na composição dos versos daí em diante.

Em 1877, suas obras poéticas começavam a ser publicadas em jornais de Santa Catarina. Em 1881, com Virgílio Várzea e Santos Lostada, Cruz e Souza fundou um jornal literário intitulado "O Colombo". No ano seguinte fundou a "Folha Popular".

Em 1882 e 1883, viajou pelo Norte do país, como secretário e ponto de uma companhia teatral. De novo em Desterro, integrou-se ao movimento abolicionista, atuando na imprensa. Indicado para uma promotoria pública em Laguna, no interior de Santa Catarina, teve a nomeação barrada devido ao racismo. Em 1885, funda o jornal O Moleque, título que proporcionou críticas sarcásticas por parte dos adversários. Neste mesmo ano publica seu primeiro livro de co-autoria de Virgílio Várzea, intitulado Tropos e Fantasias. Até 1888 atuou em jornais, revistas e no centro da Imigração da Província de Santa Catarina. Ainda em 1888, viajou para o Rio de Janeiro a convite de Oscar Rosas.
Em 1891 transferiu-se definitivamente para a então capital da República, Rio de Janeiro. A partir daí entrou em contato com novos movimentos literários vindos da França. Neste caso, João da Cruz e Sousa identificou-se especialmente com o chamado Simbolismo. O negro sulista que se enveredava pelos caminhos do Simbolismo, sofria duras críticas do meio intelectual de sua época; já que nesse momento, o Parnasianismo era a referência literária emergente.
Influenciado pelo movimento decadentista francês, lançou, no jornal Folha Popular , em 1891, com B. Lopes, Oscar Rosas e Emiliano Perneta, o manifesto que viria dar corpo ao movimento simbolista, iniciado com a publicação dos livros Missal e Broquéis. Ao lado das dificuldades financeiras, passou por muitos dissabores na vida intelectual, jamais logrando bom acolhimento nas redações dos jornais e nas rodas literárias.
Em novembro de 1893 casou-se com Gavita Rosa Gonçalves, também descendente de escravos africanos. Deste matrimônio nasceram quatro filhos, Raul, Guilherme, Reinaldo e João. Mas todos faleceram de tuberculose pulmonar. Sua esposa, ainda sofreu de distúrbios mentais que chegaram a refletir até mesmo nos escritos do poeta.
Cruz e Souza é considerado o pioneiro da escola simbolista no Brasil. Alma que já sofrera todo tipo de privações, vida insatisfeita e sofredora, ( o poeta com sua família foi privado do mínimo de subsistência necessário à vida) coração melancólico, ceticismo à flor da pele, foi o primeiro negro puro que se manifestou de maneira relevante na nossa poesia.
“Roger Bastide, um professor francês, da Universidade de São Paulo, em seu livro “A Poesia Afro-Brasileira”, comparou-o a Mallarmé e Stefan George, afirmando que os três grandes poetas formam “a grande tríade harmoniosa” do simbolismo universal”.
Pelos seus amigos era descrito como “um negro de pequena estatura, bem preto, olhos bonitos e acesos, dentes belíssimos e alvos, rosto cheio e oval, feições e organismo delicados, bigode regular, meio corcunda, austero de costumes, puro, casto, palavra fácil e quente, vibrando incessantemente ao sopro de infinitas agitações...” (Vasco de Castro Lima – O Mundo Maravilhoso do Soneto – 1987)
Em 1983 inaugurou oficialmente o simbolismo no Brasil com o lançamento do seu livro “Broquéis”. Em 1985, Alphonsus de Guimaraens, bem jovem ainda, foi ao Rio de Janeiro especialmente para conhecer o extraordinário poeta, “o seu preferido entre todos do Brasil”, conforme suas próprias palavras escritas em 16 de outubro de 1904, no jornal “Conceição do Serro” em Minas Gerais.
Embora doente e debilitado, pelas terríveis privações sofridas, sua dedicação à sua mulher Gavita era considerada heróica. A mulher tuberculosa e com indícios de desequilíbrio mental, e ele próprio tuberculoso, ainda assim conseguira com humildade o emprego de praticante da Estrada de Ferro Central do Brasil, sendo depois promovido a arquivista, em 1894.
Mesmo assim, como lembra Afrânio Peixoto, vivendo “entre a loucura da esposa e a tuberculose de todo lar”, fez-se o nome mais importante do Simbolismo no Brasil.
Ainda que a padecer dos males causados pela enfermidade, sem provento digno para manutenção da vida familiar, e com outras doenças em casa, além disso precisava de tempo para sua atividade literária, que geralmente se estendia até alta madrugada.
Para tratar da saúde, que já estava muito comprometida, viajou no dia 18 de março de 1898 para a estação de Sítio, em Minas Gerais, e lá faleceu no dia seguinte, segundo Andrade Muricy.
Na manhã de 20 de março, seu corpo chegou à estação Dom Pedro II, no Rio de Janeiro, num vagão destinado ao transporte de cavalos. Estavam lá para receber seus despojos “ainda não colocados no esquife” os amigos Nestor Victor, Maurício Jubim, Tibúrcio de Freitas, Patrocínio e Carlos D. Fernandes.
O sepultamento foi naquela mesma tarde, sem acompanhamento e sem ostentação. Pouquíssimos amigos e alguns curiosos se fizeram presentes para as últimas despedidas ao maior poeta simbolista brasileiro. As despesas do sepultamento foram custeadas pelos poucos amigos que compareceram para receber o corpo do poeta na estação da Central do Brasil.
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Cárcere das Almas

Ah! Toda alma num cárcere anda presa,
Soluçando nas trevas, entre as grades
Do calabouço olhando imensidades,
Mares, estrelas, tardes, natureza.

Tudo se veste de uma igual grandeza
Quando a alma entre grilhões as liberdades
Sonha e, sonhando, as imortalidades
Rasga no etéreo Espaço da Pureza.

Ó almas presas, mudas e fechadas
Nas prisões colossais e abandonadas,
Da Dor no calabouço, atroz, funéreo!

Nesses silêncios solitários, graves,
Que chaveiro do Céu possui as chaves
Para abrir-vos as portas do Mistério?!
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Caminho da Glória

Este caminho é cor-de-rosa e é de ouro,
Estranhos roseirais nele florescem,
Folhas augustas, nobres reverdecem
De acanto, mirto e sempiterno louro.

Neste caminho encontra-se o tesouro
Pelo qual tantas almas estremecem;
É por aqui que tantas almas descem
Ao divino e fremente sorvedouro.

É por aqui que passam meditando,
Que cruzam, descem, trêmulos, sonhando,
Neste celeste, límpido caminho

Os seres virginais que vêm da Terra,
Ensangüentados da tremenda guerra,
Embebedados do sinistro vinho.
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Vida Obscura

Ninguém sentiu o teu espasmo obscuro,
Ó ser humilde entre os humildes seres,
Embriagado, tonto dos prazeres,
O mundo para ti foi negro e duro.

Atravessaste no silêncio escuro
A vida presa a trágicos deveres
E chegaste ao saber de altos saberes
Tornando-te mais simples e mais puro.

Ninguém te viu o sentimento inquieto,
Magoado, oculto e aterrador, secreto,
Que o coração te apunhalou no mundo.

Mas eu que sempre te segui os passos
Sei que cruz infernal prendeu-te os braços
E o teu suspiro como foi profundo!
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Êxtase Búdico

Abre-me os braços, Solidão profunda,
Reverência do céu, solenidade
Dos astros, tenebrosa majestade,
Ó planetária comunhão fecunda!

Óleo da noite, sacrossanto, inunda
Todo o meu ser, dá-me essa castidade,
As azuis florescências da saudade,
Graça das Graças imortais oriunda!

As estrelas cativas no teu seio
Dão-me um tocante e fugitivo enleio,
Embalam-me na luz consoladora!

Abre-me os braços, Solidão radiante,
Funda, fenomenal e soluçante,
Larga e búdica Noite redentora!
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Assim Seja!
Fecha os olhos e morre calmamente!
Morre sereno do Dever cumprido!
Nem o mais leve, nem um só gemido
Traia, sequer, o teu Sentir latente.

Morre com a alma leal, clarividente,
Da Crença errando no Vergel florido
E o Pensamento pelos céus brandido
Como um gládio soberbo e refulgente.

Vai abrindo sacrário por sacrário,
Do teu Sonho no templo imaginário,
Na hora glacial da negra Morte imensa...

Morre com o teu Dever! Na alta confiança
De quem triunfou e sabe que descansa
Desdenhando de toda a Recompensa!
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Alma Ferida

Alma ferida pelas negra lanças
Da Desgraça, ferida do Destino,
Alma, a que as amarguras tecem o hino
Sombrio das cruéis desesperanças,

Não desças, Alma feita de heranças
a Dor, não desças do teu céu divino.
Cintila como o espelho cristalino
Das sagradas, serenas esperanças.

Mesmo na Dor espera com clemência
E sobe à sideral resplandecência,
Longe de um mundo que só tem peçonha.

Das ruínas de tudo ergue-te pura
E eternamente, na suprema Altura,
Suspira, sofre, cisma, sente, sonha!
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A Morte
Oh! que doce tristeza e que ternura
No olhar ansioso, aflito dos que morrem…
De que âncoras profundas se socorrem
Os que penetram nessa noite escura!

Da vida aos frios véus da sepultura
Vagos momentos trêmulos decorrem…
E dos olhos as lágrimas escorrem
Como faróis da humana Desventura.

Descem então aos golfos congelados
Os que na terra vagam suspirando,
Com os velhos corações tantalizados.

Tudo negro e sinistro vai rolando
Báratro abaixo, aos ecos soluçados
Do vendaval da Morte ondeando, uivando…
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Acima de Tudo

Da gota d'água de um carinho agreste
Geram-se os oceanos da Bondade.
O coração que é livre e bom reveste
Tudo d'encanto e simples majestade.

Ascender para a Luz é ser celeste,
Novos astros sentir na imensidade
Da alma e ficar nessa inconsútil veste
Da divina e serena claridade.

O que é consolador e o que é supremo
Cada alma encontra no caminho extremo,
Quando atinge às estrelas da pureza.

É apenas trazer o Ser liberto
De tudo e transformar cada deserto
Num sonho virginal da Natureza!
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Alma Solitária

Ó alma doce e triste e palpitante!
Que cítaras soluçam solitárias
Pelas Regiões longínquas, visionárias
Do teu Sonho secreto e fascinante!

Quantas zonas de luz purificante,
Quantos silêncios, quantas sombras várias
De esferas imortais imaginárias
Falam contigo, ó Alma cativante!

Que chama acende os teus faróis noturnos
E veste os teus mistériosa taciturnos
Dos esplendores do arco de aliança?

Por que és assim, melancolicamente,
Como um arcanjo infante, adolescente,
Esquecido nos vales da Esperança?!
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A Grande Sede

Se tens sede de Paz e d'Esperança,
Se estás cego de Dor e de Pecado,
Valha-te o Amor, ó grande abandonado,
Sacia a sede com amor, descansa.

Ah! volta-te a esta zona fresca e mansa
Do Amor e ficarás desafogado,
Hás de ver tudo claro, iluminado
Da luz que uma alma que tem fé alcança.

O coração que é puro e que é contrito,
Se sabe ter doçura e ter dolência
Revive nas estrelas do Infinito.

Revive, sim, fica imortal, na essência
Dos Anjos paira, não desprende um grito
E fica, como os Anjos, na Existência.
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A Perfeição

A Perfeição é a celeste ciência
Da cristalização de almos encantos,
De abandonar os mórbidos quebrantos
E viver de uma oculta florescência.

Noss'alma fica da clarividência
Dos astros e dos anjos e dos santos,
Fica lavada na lustral dos prantos,
É dos prantos divina e pura essência.

Noss'alma fica como o ser que às lutas
As mãos conserva limpas, impolutas,
Sem as manchas do sangue mau da guerra.

A Perfeição é a alma estar sonhando
Em soluços, soluços, soluçando
As agonias que encontrou na Terra.!
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Alma Fatigada
Nem dormir nem morrer na fria Eternidade!
Mas repousar um pouco e repousar um tanto,
Os olhos enxugar das convulsões do pranto,
Enxugar e sentir a ideal serenidade.

A graça do consolo e da tranqüilidade
De um céu de carinhoso e perfumado encanto,
Mas sem nenhum carnal e mórbido quebranto,
Sem o tédio senil da vã perpetuidade.

Um sonho lirial d'estrelas desoladas
Onde as almas febris, exaustas, fatigadas
Possam se recordar e repousar tranqüilas!

Um descanso de Amor, de celestes miragens,
Onde eu goze outra luz de místicas paisagens
E nunca mais pressinta o remexer de argilas!
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A Harpa

Prende, arrebata, enleva, atrai, consola
A harpa tangida por convulsos dedos,
Vivem nela mistérios e segredos,
É berceuse, é balada, é barcarola.

Harmonia nervosa que desola,
Vento noturno dentre os arvoredos
A erguer fantasmas e secretos medos,
Nas suas cordas um soluço rola…

Tu'alma é como esta harpa peregrina
Que tem sabor de música divina
E só pelos eleitos é tangida.

Harpa dos céus que pelos céus murmura
E que enche os céus da música mais pura,
Como de uma saudade indefinida.
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Abrigo Celeste

Estrela triste a refletir na lama,
Raio de luz a cintilar na poeira,
Tens a graça sutil e feiticeira,
A doçura das curvas e da chama.

Do teu olhar um fluido se derrama
De tão suave, cândida maneira
Que és a sagrada pomba alvissareira
Que para o Amor toda aminh'alma chama.

Meu ser anseia por teu doce apoio,
Nos outros seres só encontra joio
Mas só no teu todo o divino trigo.

Sou como um cego sem bordão de arrimo
Que do teu ser, tateando, me aproximo
Como de um céu de carinhoso abrigo.
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Alma Mater

Alma da Dor, do Amor e da Bondade,
Alma purificada no Infinito,
Perdão santo de tudo o que é maldito,
Harpa consoladora da Saudade!

Das estrelas serena virgindade,
Alma sem um soluço e sem um grito,
Da alta Resignação, da alta Piedade!
Tu, que as profundas lágrimas estancas

E sabes levantar Imagens brancas
No silencio e na sombra mais velada…

Derrama os lírios, os teus lírios castos,
Em Jordões imortais, vastos e vastos,
No fundo da minh'alma lacerada!
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Alucinação

Ó solidão do Mar, ó amargor das vagas,
Ondas em convulsões, ondas em rebeldia,
Desespero do Mar, furiosa ventania,
Boca em fel dos tritões engasgada de pragas.

Velhas chagas do sol, ensangüentadas chagas
De ocasos purpurais de atroz melancolia,
Luas tristes, fatais, da atra mudez sombria
Da trágica ruína em vastidões pressagas.

Para onde tudo vai, para onde tudo voa,
Sumido, confundido, esboroado, à-toa,
No caos tremendo e nu dos tempo a rolar?

Que Nirvana genial há de engolir tudo isto -
- Mundos de Inferno e Céu, de Judas e de cristo,
Luas, chagas do sol e turbilhões do Mar?!
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Alma das Almas

Alma das almas, minha irmã gloriosa,
Divina irradiação do Sentimento,
Quando estarás no azul Deslumbramento,
Perto de mim, na grande Paz radiosa?!

Tu que és a lua da Mansão de rosa
Da Graça e do supremo Encantamento,
O círio astral do augusto Pensamento
Velando eternamente a Fé chorosa;

Alma das almas, meu consolo amigo,
Seio celeste, sacrossanto abrigo,
Serena e constelada imensidade;

Entre os teus beijos de etereal carícia,
Sorrindo e soluçando de delícia,
Quando te abraçarei na Eternidade?!
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